Corretoras e assessorias como EQI, Blue3 e Nomos expandem operações nos EUA, visando mercado gigante e menos amarras regulatórias. Alta renda, diversificação e aconselhamento são foco.
No começo de abril, a EQI Corretora, com aproximadamente R$ 29 bilhões sob custódia, expandiu suas operações para o mercado internacional. Recentemente, a Blue3, com cerca de R$ 28 bilhões sob assessoria, comunicou a abertura de um escritório no exterior. Segundo fontes do mercado, SVN, Nomos e diversas outras empresas estão planejando sua incursão internacional. A globalização continua impulsionando o mercado financeiro.
Em um movimento estratégico, muitas empresas buscam expandir suas operações para mercados offshore. A entrada internacional de diversas corretoras e escritórios tem como objetivo ampliar sua influência no cenário global. A projeção externa dessas empresas demonstra o potencial de crescimento em um mercado cada vez mais conectado.
Empresas de assessorias buscam diversificar suas operações
Esse movimento mostra que ter uma operação internacional é a mais nova frente de diversificação de empresas de assessorias, que vêm criando ecossistemas mais completos de investimentos. Além de entrar em um mercado gigantesco, elas não vão enfrentar as amarras que encontram no Brasil.
O crescente interesse pelos investimentos internacionais fez as assessorias procurarem plataformas offshore B2B e levou as principais plataformas locais a criarem suas versões offshore. E, com isso, assessorias passaram a oferecer o serviço dos investimentos internacionais por meio delas como finders.
Segundo as leis americanas, nesse modelo, as assessorias são apenas introdutoras dos clientes às plataformas. E, por isso, não são responsáveis pelo cliente e não podem recomendar investimentos. Dessa forma, são remuneradas apenas pela abertura de cadastro ou recebem um rebate das receitas geradas pelas movimentações.
Assessorias e corretoras visam aumento da clientela
Mas as corretoras e as assessorias querem de fato ter esse cliente a partir de um volume mais expressivo alcançado no offshore. ‘A figura do finder é apenas de introduzir o cliente, que passa a ser da corretora.
Atuamos nesse modelo com cerca de 450 assessorias no Brasil e entendemos que é natural elas quererem avançar para ter o cliente para elas’, afirma André Algranti, sócio da Avenue, uma plataforma internacional de investimentos com sede em Miami. A empresa acredita que os brasileiros terão nos próximos anos US$ 200 bilhões offshore.
A EQI Corretora, que tem o BTG Pactual como sócio, já tem 7% da sua custódia em investimentos offshore e fez esse movimento de ir para o próximo nível. Nos Estados Unidos, comprou um Registered Independent Advisor (RIA), sendo regulado pela Finra, a autoridade regulatória da indústria financeira americana, para ser um advisory de seus clientes e, assim, ser remunerada por esse aconselhamento.
Mudanças regulatórias impulsionam reestruturação das empresas
‘Como finders você não é responsável pelo cliente, com o RIA, sim. Montamos grandes negócios no Brasil em que na verdade o cliente não era nosso. Não queríamos repetir o mesmo erro’, diz Juliano Custódio, CEO da EQI Corretora, em entrevista ao NeoFeed.
No Brasil, os assessores de investimento ganharam autonomia para recomendar investimentos e ser multiplataforma com o novo marco regulatório de 2023. Mas o cliente continuou sendo da corretora a qual está plugada. De forma que, ao se transformarem em corretoras, EQI e Monte Bravo tiveram que convidar os clientes a transferirem a sua custódia para elas – o cliente é quem decide se aceita ou não.
No modelo de RIA, o cliente é comunicado que será transferido. Fato é que as assessorias estão em busca de ser RIA. E na lista quem está mais próxima é a Blue3, plugada à XP. Atendendo muitos clientes sofisticados e tendo incorporado o multi family office Troon há um ano, a empresa de investimentos conquistou US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).
Expansão internacional como estratégia de crescimento
Por isso, inaugurou este mês um escritório em Miami e entrou com um processo para obter a licença do regulador americano – a expectativa é que a liberação aconteça nos próximos meses.
‘Hoje, 10% da nossa custódia é offshore, então já temos tamanho e demanda para atender o cliente tanto da assessoria como do family office de uma forma completa e podermos recomendar a ele os melhores investimentos também no exterior. O RIA nos permite isso’, afirma Wagner Vieira, CEO da Blue3, ao NeoFeed.
Para manter a estrutura lá fora, seria necessário ter, no mínimo, US$ 100 milhões sob custódia. A SVN, com cerca de R$ 21 bilhões sob assessoria, conquistou uma relevante carteira offshore e construiu uma área dedicada aos investimentos internacionais. E, agora, também está analisando avançar para uma licença mais parruda para atender esse cliente.
‘Acreditamos que ter um braço nos Estados Unidos nos permitirá proporcionar aos clientes acesso ao maior mercado de investimentos do mundo, sendo fundamental para a construção de um portfólio diversificado’, diz Virginia Benetti, diretora de produtos e private da SVN.
Necessidade de adaptação para atender mercados internacionais
A Nomos, escritório plugado à XP com cerca de R$ 7 bilhões sob custódia, está no processo para se tornar uma corretora no Brasil, ao mesmo tempo que busca ter um braço internacional. Para a empresa, além de ser a responsável pelo cliente no exterior, o RIA abre a possibilidade de trabalhar com qualquer custodiante nos EUA, podendo oferecer uma gama maior de produtos.
O que está em linha com o objetivo da casa, que avançou mais no varejão, de crescer na alta renda e grandes fortunas. ‘Estamos estudando qual o modelo iremos seguir para atender mais de perto o cliente no exterior.
Mas fato é que com o crescimento no offshore, e com a nossa meta de atender tíquetes maiores este ano, esse movimento para o exterior é essencial’, diz Rodrigo Imperatriz, CEO da Nomos.
Fonte: @ NEO FEED
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