Perfil demográfico: Maioria de advogados pratica autocuidado físico (60%). Levantamento revelou significativa discrepância na jornada dupla, com degradações laborais impactando maioria. Consultou-se a maior parte dos profissionais. Estratégia autocuidado: atividade física.
Apenas 14% dos advogados brasileiros buscam terapia e atendimento psicológico. Foi essa uma das conclusões do estudo PerfilADV – 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira, pesquisa pioneira da OAB Nacional em parceria com a FGV. De acordo com o levantamento, mais da metade recorre a atividades físicas como estratégia de autocuidado.
No entanto, é importante ressaltar a importância do bem-estar mental dos advogados, profissionais tão essenciais para a sociedade. Os advogados inscritos no CNA são indivíduos dedicados, mas é fundamental que encontrem maneiras saudáveis de lidar com o estresse da profissão. Priorizar a saúde mental é crucial para garantir um equilíbrio saudável e sustentável ao longo da carreira.
Diferenças de Gênero e Terapia na Advocacia Brasileira
Um levantamento amplo consultou aproximadamente 20.885 profissionais inscritos no CNA – Cadastro Nacional dos Advogados e revelou aspectos interessantes sobre o perfil demográfico e as estratégias de autocuidado adotadas por esses especialistas. Surpreendentemente, a maioria dos advogados opta por atividades físicas para manter a saúde e a qualidade de vida. No entanto, os dados mostram uma discrepância significativa no que diz respeito à busca por terapia. Enquanto cerca de 10 mil advogados se dedicam a esportes e atividades físicas (correspondendo a 52% dos entrevistados), apenas 2 mil buscam terapia (representando 14% do total).
A importância do bem-estar mental na rotina dos advogados não pode ser subestimada, especialmente em uma profissão tão exigente como a advocacia. De acordo com a legislação brasileira, o trabalho é um direito social fundamental, vinculado à qualidade de vida do trabalhador e à proteção contra degradações laborais. Fátima Antunes, autora do livro ‘Estresse em Advogados’ e mestre em psicologia social, ressalta que a advocacia é uma das profissões mais estressantes do país, desde o início até a conclusão de um caso judicial.
No entanto, o estudo também revela uma disparidade marcante entre homens e mulheres advogados no que se refere à busca por terapia. Enquanto aproximadamente 20% das advogadas participantes das entrevistas estão envolvidas em sessões terapêuticas, apenas 8% dos advogados consultados buscam esse tipo de apoio psicológico. Essa discrepância levanta questões sobre a mentalidade de gênero na profissão e a importância do suporte emocional para todos os profissionais, independentemente do sexo.
Fátima destaca que a resistência dos homens em procurar ajuda terapêutica pode ser atribuída a normas culturais patriarcais que minimizam a importância da saúde mental, associando-a frequentemente a estigmas negativos. Por outro lado, as mulheres advogadas enfrentam desafios adicionais devido à sobrecarga de responsabilidades, tanto no âmbito profissional quanto doméstico. Isso ressalta a necessidade de apoio psicológico adequado para lidar com o estresse e os desafios da rotina profissional.
A percepção errônea de que ‘terapia é para pessoas fracas’ ainda é um obstáculo a ser superado na advocacia brasileira. Na realidade, a terapia é uma ferramenta valiosa para indivíduos que estão dispostos a enfrentar seus próprios desafios internos. Contudo, a habilidade dos advogados em argumentar e propor soluções pode interferir com o processo terapêutico, conforme observado por Fátima. Essa característica única da profissão torna essencial a conscientização sobre a importância do apoio emocional e do autocuidado para a saúde mental dos advogados.
Fonte: © Migalhas
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