Futuro magistrado relata desafios até aprovação em entrevista ao Migalhas, destacando a importância da rotina de estudos para concursos judiciários.
No próximo sábado, 27, a Justiça do Trabalho terá um momento marcante de diversidade. Acontecerá a posse do juiz do Trabalho Pedro Henrique Silva Santos – o primeiro magistrado surdo a atuar na 1ª instância trabalhista no Brasil.
Esse feito histórico reforça o compromisso da Justiça trabalhista com a inclusão e a igualdade de oportunidades. A atuação de juízes como Pedro Henrique demonstra a importância da diversidade no ambiente jurídico, promovendo uma Justiça do Trabalho mais acessível e representativa.
Exemplo de superação na Justiça do Trabalho
Márcio, com 44 anos, é natural de Maringá/PR e teve uma trajetória marcada pela dedicação e superação na Justiça do Trabalho. Ele iniciou sua carreira como técnico judiciário na Justiça Federal e posteriormente como analista judiciário no TRT da 9ª região, no gabinete do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que é cego.
Em um importante marco de inclusão, Márcio foi aprovado no II CNU – Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na carreira da magistratura do Trabalho e em breve tomará posse em São Paulo. Em uma entrevista, ele compartilhou sua jornada, desde a perda progressiva da visão dos 4 aos 8 anos até os desafios enfrentados devido à falta de acessibilidade e inclusão.
A rotina de estudos de Márcio foi rigorosa, contando com o apoio de equipamentos tecnológicos e um mercado editorial mais preparado para atender às necessidades de pessoas com deficiência visual. Ele destaca a importância da acessibilidade e acolhida encontradas durante o concurso, que não apenas facilitaram seu processo, mas também fortaleceram sua determinação.
Ao longo dos anos, Márcio conquistou seu espaço na Justiça do Trabalho, atuando como técnico judiciário em 2005 e posteriormente como analista judiciário em 2011. Sua experiência no TRT da 9ª região, escrevendo minutas de votos do desembargador Ricardo Tadeu, o preparou para o próximo passo em sua carreira: tornar-se juiz em 2024.
O destaque da trajetória de Márcio foi a prova oral do CNU, onde sentiu pela primeira vez que competia em igualdade de condições com os demais candidatos. Atualmente, na Justiça do Trabalho, apenas dois magistrados com deficiência visual atuam em 2º grau, incluindo o desembargador Ricardo Tadeu.
O exemplo de Márcio não apenas ressalta as possibilidades para pessoas com deficiência em cargos de destaque no serviço público brasileiro, mas também evidencia a importância de uma infraestrutura mais inclusiva e acessível em todos os setores da sociedade. A história de Márcio é um testemunho inspirador de determinação, superação e justiça no ambiente de trabalho.
Fonte: © Migalhas
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