Fosfoetanolamina sintética não comprovou benefícios, não é da pillula, tratamentos convencionais excluem produtos irregulares e propagandas enganosas.
O uso da fosfoetanolamina gerou muita controvérsia no passado, principalmente quando se falava sobre os possíveis benefícios da ‘pílula do câncer’. Recentemente, a fosfoetanolamina sintética voltou a ser mencionada na internet, levando a Anvisa a emitir um alerta sobre sua falta de registro para uso no Brasil e proibição de comercialização como medicamento ou suplemento.
Apesar das polêmicas em torno da fosfoetanolamina, é importante ressaltar a importância de seguir as regulamentações da Anvisa para garantir a segurança e eficácia dos tratamentos contra o câncer. A disseminação de informações corretas sobre a fosfoetanolamina e outros tratamentos é essencial para evitar potenciais riscos à saúde dos pacientes.
Alerta sobre os riscos da fosfoetanolamina na luta contra o câncer
Em comunicado, a agência enfatizou os perigos do uso de substâncias não regulamentadas, especialmente em uma enfermidade tão séria que requer terapias seguras e eficazes. A utilização desses produtos pode prejudicar os tratamentos convencionais e acarretar riscos de contaminação. É crucial que os indivíduos não abandonem os cuidados médicos estabelecidos em favor de terapias não autorizadas e cuja eficácia é desconhecida, como é o caso da fosfoetanolamina.
A Anvisa alertou para a disseminação de propagandas enganosas nas plataformas online que atribuem benefícios à ‘pílula do câncer’ no combate aos tumores. No entanto, estudos já comprovaram que essa substância não oferece vantagens no tratamento da doença. Por não possuir registro como medicamento ou suplemento alimentar, a fosfoetanolamina foi incluída na lista de exclusão de produtos irregulares da Internet (Epinet), ferramenta lançada em 2021 que registrou 57 incidentes relacionados ao produto.
A agência informou que a taxa de sucesso na remoção da ‘pílula do câncer’ do comércio online é de 97,73%. Apesar disso, uma rápida busca na web revela opções das cápsulas com preços variando entre R$ 259 e R$ 659,99. Uma dessas opções, que leva o nome do falecido professor de Química Gilberto Chierice, está hospedada em um domínio dos Estados Unidos e exibe valores em dólares, mesmo com o site em português.
A história da fosfoetanolamina e a controvérsia em torno da ‘pílula do câncer’
O químico Gilberto Orivaldo Chierice, que trabalhou no Instituto de Química da USP em São Carlos, iniciou suas pesquisas com a fosfoetanolamina nos anos 1990, mas foi em 2015 que ela ganhou destaque nacional. A substância passou a ser divulgada entre os pacientes, resultando em um aumento na procura em 2014.
Por ser experimental, a produção nos laboratórios da USP sem registro foi proibida, o que gerou protestos nas redes sociais. A comoção gerada pelos pacientes em busca de uma alternativa para vencer a doença foi tão intensa que chegou ao Senado em 2015, levando à criação de um grupo de trabalho no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para avaliar a segurança e eficácia do produto.
A fosfoetanolamina foi objeto de estudo no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), mas a pesquisa foi interrompida devido à falta de evidências. Mesmo assim, sob pressão popular e política, ela chegou a ser aprovada como droga anticâncer em abril de 2016. No entanto, um projeto de lei aprovado no Congresso e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff foi suspenso no mês seguinte por decisão do Superior Tribunal Federal (STF). /COM AGÊNCIA SENADO E JORNAL DA UNICAMP
Fonte: @ Veja Abril
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