Desafio contínuo para eliminar a infecção por Trypanosoma cruzi na América Latina revela iniquidades sociais, com nova perspectiva no Programa Brasil Saudável.
O Dia Mundial da doença de Chagas é celebrado em 14 de abril, data que destaca a importância de conscientizar a população sobre essa enfermidade. Em 2024, comemoramos os 115 anos do descobrimento da doença de Chagas, um marco que ressalta a necessidade de ações efetivas para o seu controle e prevenção. A negligência em relação a essa doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a urgência de mais investimentos e pesquisa para combater esse problema de saúde pública.
A tripanosomíase, também conhecida como mal de Chagas, é uma doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitida principalmente por insetos vetores. O combate à tripanosomíase requer medidas abrangentes, que vão desde a melhoria das condições de moradia até o diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos adequados. A conscientização da população sobre o mal de Chagas é fundamental para evitar a propagação da doença e proteger a saúde das comunidades afetadas.
Desafio contínuo para a erradicação da doença de Chagas
A partir deste, no entanto, a enfermidade ganhou um novo olhar: com o surgimento do programa Brasil Saudável, a doença de Chagas passou a ter uma perspectiva de eliminação como problema de saúde pública no país até 2030. O Brasil foi o primeiro país do mundo a lançar uma política governamental para eliminar ou reduzir, como problemas de saúde, 14 doenças e infecções que acometem, de forma mais intensa, as populações que enfrentam ciclos de pobreza, fome e desigualdades sociais. A doença de Chagas é uma delas. O Brasil Saudável reúne 14 ministérios, entre eles o da Saúde, num esforço para propor políticas públicas intersetoriais que sejam voltadas para a equidade em saúde e para a redução das iniquidades, fator diretamente ligado às causas do problema. Algo que vai além da oferta de tratamento para a doença.
A tripanosomíase tem um significado diferente para aproximadamente 7 milhões de pessoas em todo o mundo infectadas pelo Trypanosoma cruzi, o protozoário causador da doença, com uma grande concentração de casos na América Latina. Anualmente, são registrados aproximadamente 30 mil novos casos na região, resultando em cerca de 14 mil mortes. Além disso, aproximadamente 70 milhões de pessoas vivem em áreas de exposição, correndo o risco de contrair a infecção. Diversos fatores, como degradação ambiental, mudanças climáticas e condições socioeconômicas, contribuem para a disseminação da doença.
Nova perspectiva de eliminação da doença de Chagas até 2030
Para auxiliar no monitoramento e avaliação das ações de vigilância em saúde relacionadas à doença de Chagas, o Ministério da Saúde implementou em janeiro de 2023 o formulário de Chagas Crônica no sistema e-SUS Notifica. Este sistema on-line, desenvolvido durante a pandemia de covid-19, tem evoluído continuamente para atender às demandas de vigilância em saúde. Em relação ao tratamento, o ministério renegociou a compra de aproximadamente 1 milhão de comprimidos de benznidazol em 2023, com um contrato imediato de 170 mil unidades e o processo de compra de 810 mil. Além disso, a produção da formulação pediátrica de 12,5 mg foi retomada, ampliando o acesso ao medicamento.
Desafios e avanços no combate à tripanossomíase no Brasil
Incentivo à pesquisa sobre o mal de Chagas é essencial para o enfrentamento da doença. No âmbito da pesquisa, dois projetos em execução por instituições de ensino, financiados pela pasta, estão em andamento: o ‘Cuida Chagas’, com repasse de R$ 20 milhões, e o ‘Integra Chagas’, com repasse de quase R$ 6 milhões. Essas iniciativas visam ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento da enfermidade. O fomento à pesquisa sobre a doença, por sinal, é um ponto positivo. Segundo levantamento da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde (Sectics), a pasta fomentou, desde 2002, um total de 220 pesquisas sobre o assunto em 75 instituições distintas, somando um investimento total de R$ 85,7 milhões.
A infecção pelo Trypanosoma cruzi apresenta desafios significativos devido à iniquidade social e às condições socioeconômicas precárias em áreas de exposição à doença. A ampliação das políticas públicas e o investimento em pesquisa são passos importantes para a erradicação da doença de Chagas, trazendo uma nova perspectiva de eliminação até 2030.
Fonte: @ Ministério da Saúde
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