Coral em Fiji registrou mudanças de temperatura, precisão das águas, rastro de história ao longo da vida.
Nas últimas décadas, avanços tecnológicos permitiram a medição precisa das mudanças de temperatura nos oceanos do mundo. Contudo, para compreender o clima de séculos passados, é necessário recorrer a métodos alternativos. Uma maneira interessante de investigar o passado é através da análise de corais, que atuam como registros naturais do clima e das condições ambientais.
Os corais são organismos marinhos que crescem lentamente ao longo do tempo, formando camadas que preservam informações sobre as variações climáticas. Além disso, esses seres vivos desempenham um papel crucial nos ecossistemas marinhos, fornecendo abrigo e alimento para diversas espécies, incluindo os favos de mel. A preservação dos corais é essencial para a compreensão da história ambiental e climática do nosso planeta.
Estudo revela importância do coral Diploastrea heliopora
Por isso, esse coral de 600 anos encontrado em Fiji pode ser tão relevante. Pesquisas recentes indicam que o Oceano Pacífico vem aquecendo consideravelmente nos últimos séculos, o que foi acentuado com as mudanças climáticas. Mas entender a variação de temperatura ao longo dos anos é fundamental para ser possível tentar prever o que pode ocorrer no futuro.
Sabemos, por exemplo, que houve anos (e até décadas) mais frios, mas quais exatamente foram esses períodos? É isso que uma pesquisa publicada recentemente na Science Advances quer responder. O estudo analisa um único exemplar do coral Diploastrea heliopora, também conhecido como ‘coral favo de mel’. O espécime foi descoberto em 1998 e uma amostra foi retirada dele.
Os pesquisadores então usaram a amostra e a compararam com outros registros de corais encontrados em Fiji para montar uma cronologia do que ocorreu com as águas na região no período pré-década de 1990, já que desse período para a frente temos registro precisos das águas do local.
Com isso, a pesquisa conseguiu montar um registro que dura desde os anos de 1370 até 1997, cobrindo 627 anos de história. Esse é o maior histórico de temperatura já feito em qualquer lugar do mundo no Oceano Pacífico.
Esse tipo de coral gigante por viver por centenas de anos. De acordo com a pesquisa, ele forma ‘continuamente um esqueleto de carbonato de cálcio que se acumula em camadas sobre o esqueleto antigo’. Com isso, as camadas mais novas estão na parte externa e o esqueleto antigo vai sendo deixado para trás, criando um rastro de história. São esses esqueletos do coral que revelam o passado do oceano.
A pesquisa analisou o estrôncio e o cálcio, dois dos elementos encontrados nesses modelos, que indicam as condições da água do mar no momento em que o coral ‘ocupava’ esses esqueletos.
Entre os dados revelados está que, por exemplo, houve um período bem quente entre 1370 e 1553. Outros períodos foram mais gelados. Comparando os dados do esqueleto com dados atuais, os pesquisadores conseguem entender a cronologia do oceano. A conclusão é de que o oceano na região de Fiji está mais quente do que nunca nos últimos 653 anos.
Essas mudanças podem levar a climas mais extremos, como secas prolongadas ou
Impacto do coral Diploastrea heliopora nas mudanças climáticas
eventos climáticos mais intensos. O estudo do coral Diploastrea heliopora e sua relação com as variações de temperatura ao longo dos séculos é crucial para compreender o impacto das mudanças climáticas nas estruturas de coral. A precisão das informações obtidas a partir desses corais favo de mel é fundamental para prever e mitigar os efeitos das mudanças climáticas nas águas do Oceano Pacífico.
Fonte: @Olhar Digital
Comentários sobre este artigo