Pacote do governo envia sinais errados ao mercado, afastando investimento estrangeiro, enquanto Trump redesenha o comércio global com política tarifária e fiscal expansionista.
A crise fiscal no Brasil continua a afetar a confiança dos investidores estrangeiros. Ao anunciar uma isenção fiscal para quem ganha até R$ 5 mil por mês, o governo brasileiro enviou um sinal de alerta ao mercado, indicando que a instabilidade financeira pode ser um obstáculo para o crescimento econômico do país.
A medida, que visa reduzir a carga tributária para os contribuintes de baixa renda, pode ter um impacto negativo na crise econômica que o país enfrenta. Além disso, a dificuldade orçamentária pode se agravar, tornando ainda mais difícil para o governo brasileiro atrair investimentos estrangeiros. Com uma liquidez global de ao menos US$ 9 trilhões à procura de oportunidades seguras, a crise fiscal no Brasil pode se tornar um obstáculo insuperável para o crescimento econômico sustentável. A falta de confiança dos investidores estrangeiros pode ter consequências graves para o futuro econômico do país.
Crise Fiscal: O Alerta de Alex Fusté
O economista-chefe do Andbank, Alex Fusté, alerta sobre a crise fiscal que pode afetar o Brasil. Com sede em Andorra e presente em 11 países, o Andbank detém o equivalente a R$ 210 bilhões sob gestão no mundo. Fusté vê o atual governo brasileiro reprisando os erros de comunicação com o mercado dos tempos de Dilma Rousseff.
Segundo ele, a política fiscal expansionista da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva não é, em si, um entrave. ‘Os países nórdicos investem muito em gastos sociais e suas economias funcionam muito bem’, diz Fusté. ‘O problema é utilizarmos todos esses grandes gastos em políticas com pouco retorno econômico ou financeiro.’ O economista cita a política de contração fiscal adotada pelo argentino Javier Milei como case de sucesso e contraponto à política de Lula, com redução pela metade do custo de financiamento do governo argentino e aumento de reservas internacionais.
Instabilidade Financeira e Dificuldades Orçamentárias
Fusté dedicou boa parte da entrevista para falar de sua expectativa do novo governo americano sob Donald Trump, a partir de janeiro. Ele não crê na adoção de uma política linear americana de tarifas de importação e sim aplicadas a alguns países para alcançar determinados objetivos políticos. Os países mais visados, segundo diz, serão os que não praticam economia de mercado e recorrem a subsídios que desequilibram a competição, como a China.
‘Tudo o que um país tem de fazer é cumprir certas normas do mercado livre para evitar sobretaxação de tarifas’, diz, criticando o ‘receio exagerado’ da política tarifária de Trump. Fusté também alertou para a situação da União Europeia, pressionada pela crise fiscal da França e econômica da Alemanha. Para o economista, nem o temor de sofrer sobretaxação de suas exportações para os EUA, principal parceiro comercial europeu, levará o bloco a assinar o tratado de livre comércio com o Mercosul.
Crise Econômica e Política Fiscal
‘Estamos negociando esse acordo há duas décadas e ainda estamos presos a diferenças importantes’, diz, citando a oposição do setor agrícola francês ao Mercosul. ‘Isso significa que a assinatura não é iminente e deve demorar’, acrescenta, contrariando o otimismo brasileiro de um desfecho para o tratado no encontro de cúpula dos dois blocos, esta semana, em Montevidéu.
As medidas anunciadas no fim de novembro pelo governo federal para cortar despesas e obter o equilíbrio fiscal não foram bem recebidas pelo mercado. Qual é a sua avaliação da situação fiscal atual do Brasil? O governo precisa ter um discurso para a sociedade e outro para o mercado. Todos os países querem atrair capital e precisam se financiar em condições favoráveis. Portanto, é muito simples: o governo precisa enviar os sinais corretos ao mercado, deixando claro que o risco de desordem macroeconômica é remoto ou improvável.
Fonte: @ NEO FEED
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