Garotos habilidosos fazem bolas com materiais recicláveis e vendem para melhorar realidade no campo de refugiados Dzaleka.
Em um beco de terra batida, restos de plástico e tecido são cuidadosamente enrolados em uma bola por mãos ágeis. Uma linha delicada é usada para finalizar o trabalho, e uma agulha é improvisada para encher a bola. Assim que a bola está pronta, os pequenos artesãos logo começam a chutá-la pelas ruas da comunidade de refugiados Dzaleka, no Malawi, na África.
Enquanto a bola feita de materiais simples rola pelo chão poeirento, as crianças sorriem e se divertem com a esfera improvisada. A alegria de brincar com o objeto esférico transcende as dificuldades do cotidiano no campo de refugiados, mostrando a capacidade de transformar simples objetos em fonte de diversão e união.
Bola de Futebol: Mais que um Objeto de Diversão
A criatividade das mãos habilidosas dos garotos se destaca na confecção da esfera esférica tão apreciada por eles. A bola de futebol, além de um simples objeto, representa sonhos e oportunidades no campo de refugiados de Dzaleka. Para essas crianças, a bola vai além do entretenimento, sendo vista como uma pelota de esperança e transformação.
A habilidade em manusear a corda fina e a seringa improvisada para dar forma ao objeto revela a determinação desses pequenos empreendedores em melhorar suas realidades. A reportagem do ge testemunhou o impacto positivo que a bola tem na vida dessas crianças, que enxergam nela não apenas um instrumento esportivo, mas também uma fonte de renda e crescimento pessoal.
A visita da fotógrafa do Rio de Janeiro, voluntária da Fraternidade Sem Fronteiras, trouxe luz ao talento dos garotos, com idades entre 11 e 12 anos, que se dedicam à produção das bolas. Míriam Ramalho, ao encomendar duas esferas, reconheceu o potencial criativo dessas mãos ágeis e habilidosas. A pelota de futebol se tornou um símbolo de superação e empreendedorismo para essas crianças.
A emoção de receber o valor justo pelas duas bolas, equivalente a duas mil kwachas, foi evidente. O elogio ao trabalho realizado e a compra com uma nota de cinco mil kwachas geraram uma alegria contagiante nos garotos, que pareciam ter conquistado a Copa do Mundo. A bola, além de um simples objeto, se transformou em um sonho realizado para essas crianças.
A ideia de vender as bolas nas feiras locais ganhou força, contagiando outros voluntários a se unirem para apoiar os garotos nesse empreendimento. A iniciativa de Evaldo José Palatinshy, diretor da Ubuntu Nation School, de arrecadar recursos para melhorar a qualidade das bolas e transformá-las em fonte de renda, reflete o espírito empreendedor e solidário presente no campo de refugiados.
O campo de refugiados Dzaleka não é apenas um local de acolhimento, mas também um espaço onde a esfera esférica do futebol se torna um elo de união e esperança. Os campeonatos locais e a escola que incentiva a prática esportiva demonstram como a bola pode ser um agente de transformação e integração social em meio às adversidades.
A geografia do Malawi, país localizado no sudeste da África, ao lado de Moçambique, Zâmbia e Tanzânia, abriga a realidade complexa e inspiradora do campo de refugiados de Dzaleka. O esporte, em especial o futebol, desempenha um papel fundamental na vida dessas pessoas em busca de um recomeço. A bola, símbolo de união e superação, continua a ser uma fonte de esperança e oportunidades neste cenário desafiador.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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