Estudo aponta que 75% das empresas da B3 têm rentabilidade inferior a 10% ao ano. Aumento da taxa Selic para 12,25% piora a situação em ambiente concorrencial com despesas financeiras elevadas.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), presidida por Roberto Campos Neto, de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, reflete a busca por uma maior rentabilidade nos investimentos financeiros. Essa mudança visa equilibrar a economia e promover um crescimento sustentável.
A elevação da taxa Selic pode ter um impacto significativo na lucratividade das empresas e na economia como um todo. Com taxas de juros mais altas, os investidores podem obter ganhos mais expressivos, o que pode impulsionar a economia. No entanto, é importante considerar que a rentabilidade também depende de outros fatores, como a estabilidade econômica e a confiança dos investidores. A chave para o sucesso é encontrar um equilíbrio entre a rentabilidade e a estabilidade. Além disso, os resultados financeiros das empresas também podem ser influenciados pela capacidade de gerenciar os custos e investir em áreas estratégicas.
Rentabilidade em Questão: O Desafio das Empresas Listadas na B3
A decisão recente representa um golpe para muitas companhias listadas na B3, que enfrentam dificuldades em rentabilizar o capital de forma suficiente para cobrir o custo do dinheiro, o que afeta a atração de recursos para investimentos. Com a Selic prevista para subir em 2025, as empresas devem enfrentar ainda mais desafios para entregar uma rentabilidade capaz de atrair investidores, pagar suas dívidas e ter recursos para expandir as operações.
Um estudo conduzido pela Málaga Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária, obtido com exclusividade pelo NeoFeed, analisou 261 empresas listadas na Bolsa no período de 12 meses até 30 de setembro. O estudo calculou a rentabilidade das companhias listadas, numa média histórica. Os resultados mostram que 75% das empresas apresentam rentabilidade inferior a 10% ao ano, com uma média de 7,76% ao ano. Além disso, 45 companhias apresentaram rentabilidade negativa.
O Ambiente de Juros Elevados e a Rentabilidade
O Brasil está desestimulando os investimentos corporativos, a iniciativa, o empreendedorismo, a pesquisa e o desenvolvimento, devido ao ambiente de juros elevados, afirma Flávio Málaga, sócio fundador da Málaga Assessoria. Os juros são apenas uma parte da equação da questão da rentabilidade, mas representam um aspecto importante da equação, considerando o peso que tem sobre as despesas financeiras das companhias. Além disso, os juros são um sintoma de uma questão que poderia ter sido endereçada pelo governo através de um ajuste fiscal crível.
Málaga destaca que existe uma ‘trava concorrencial estrutural’ para as empresas aumentarem sua rentabilidade, o que é natural, considerando que muitas companhias enfrentam mercados concorridos, o que naturalmente acaba limitando os ganhos. ‘Muitas empresas enfrentam um ambiente concorrencial que impede de auferir grandes rentabilidades, muitas têm teto para aquilo que podem render’, afirma ele. ‘Mas temos um país que não cresce e uma alta despesa com juros. Essa combinação toda derruba a rentabilidade.’
Empresas que Conseguem Contornar a Situação
São poucas as empresas que conseguem contornar a situação, como é o caso da WEG. Um dos principais nomes de seu setor no Brasil e no mundo, com claros diferenciais competitivos, a companhia catarinense consegue entregar uma rentabilidade de 30% ao ano, melhor resultado entre as empresas do estudo. A Ambev e a Vale são outras que estão neste grupo privilegiado, considerando seus tamanhos e relevâncias em seus mercados.
Para ser uma empresa com uma rentabilidade ótima, a companhia precisa ter uma rentabilidade de 20% ao ano, estaria entre as top 20 ou top 30 do Brasil, afirma Málaga. No entanto, o cenário atual é particularmente nefasto para as empresas de varejo, em que a diferenciação é mais difícil, as rentabilidades são estruturalmente menores e as companhias dependem de dívida para girar estoques e recebíveis. Das empresas analisadas, 25 delas atuam neste segmento, como a RD Saúde e a Track&Field, que conseguem apresentar bons índices de lucratividade e resultados financeiros.
Fonte: @ NEO FEED
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