Perspectivas de aumento das taxas de juros penalizaram papéis de empresas com receitas que dependem de crédito e elevado endividamento no mercado, afetando despesas financeiras e custos, em compasso com variação das projeções de imposto de renda.
Novembro estava sendo um mês de expectativa moderada, com o mercado aguardando ansiosamente a divulgação do pacote de cortes de gastos que a equipe econômica do Ministério da Fazenda e do Planejamento havia prometido. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, estava em compasso de espera, refletindo a incerteza do mercado.
No entanto, a divulgação do pacote de cortes de gastos trouxe um novo ânimo ao mercado, e o Ibovespa começou a subir. A análise dos especialistas indicava que o pacote era um passo importante para a recuperação econômica do país. A confiança do mercado foi restaurada, e o Ibovespa continuou a subir, refletindo a expectativa de um futuro mais promissor para a economia brasileira. O mercado estava novamente em movimento, e o Ibovespa era o principal indicador desse movimento.
O Ibovespa e a Variação das Projeções
A variação das projeções para os juros futuros tem penalizado os papéis das empresas mais endividadas e com maiores despesas financeiras, bem como as que dependem basicamente da concessão de crédito. Isso ocorre porque o mercado está em compasso com as novas expectativas de juros elevados, o que afeta diretamente as empresas com dívidas e custos financeiros altos.
Até que veio o anúncio, na quarta-feira (27), à noite, e o strike na bolsa brasileira, a B3, no pregão de ontem (28). Os papéis foram nocauteados pela frustração do mercado com a proposta do governo, mais pelo ‘jabuti’ incluído nos cortes do que pelos cortes em si: a isenção de imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Isso representa um paradoxal corte de receita também, para alguns analistas.
O Ibovespa e a Análise do Mercado
Hoje, último dia útil do mês, representantes do governo e líderes setoriais passaram o dia explicando ‘melhor’ o pacote e apaziguando os ânimos. A estratégia funcionou: o Ibovespa, principal índice da bolsa, que abriu sinalizando que seria mais um dia de sangria, se revigorou, mudou de rumo e encerrou com alta de quase 1%. O mercado parece ter entendido que a proposta do governo não é tão ruim quanto parecia inicialmente.
No entanto, o dólar rompeu a barreira histórica de R$ 6, levando à lona os papéis das empresas com dívidas no exterior e expostas a custos cotados internacionalmente na moeda americana, como combustíveis. Isso aumentou as apostas de que o Banco Central, diante das novidades, tenha que dar um passo maior que o previsto, podendo chegar a uma elevação de até 1 ponto percentual na taxa básica de juros. Mais uma pedrada nos papéis mais expostos a crédito e com maior nível de endividamento.
O Impacto no Mercado e nas Empresas
Rafael Lage, analista da CM Capital, reforça que os setores que mais tendem a ser impactados pelo cenário macro são os de construção civil. ‘Além de ser um setor mais alavancado, ou seja, com maior nível de endividamento, pode sofrer com restrições as linhas de crédito’, ressalta. Não por menos, MRV (MRVE3) e Cyrela (CYRE3) ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa, em novembro.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, acrescenta ainda que o resultado do terceiro trimestre da MRV frustrou as expectativas dos investidores. O estrategista-chefe da RB Investimentos ressalta que a projeção de um longo período de taxa de juros elevada explica grande parte das maiores quedas deste mês. ‘O mercado penalizou, ao longo do mês, as empresas mais endividadas, por conta da perspectiva de pagar mais despesas financeiras’, explica Cruz.
Outro setor que se destaca, acrescenta Lage, é o de aviação, que tem custos em dólar relevantes, como o combustível utilizado nas aeronaves. ‘Azul (AZUL4), junto com a Gol (GOLL4), foram as mais prejudicadas por conta dos resultados e também por conta de uma desvalorização do real que prejudica muito, considerando que boa parte dos seus custos são em dólar, principalmente combustível, enquanto as receitas são em real’, pontua Cruz.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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