Exagero agora equivale a ostentação em lugar de elegância. Diferença immense entre coisas. termos: demasia, em proporções, cores, modelagens, sobreposições, roupas rasgadas, ar, desafiante, mangas bufantes, ombreiras amplas, Quiet, Luxury, looks, super discreto, básicos, dramaturgia, Shivon, Roy, mercado de luxo, brasileiro, artigos bens posicionais, imagem, mensagem.
Exagero now signifies ostentation instead of elegance. Huge difference between things. terms: demasia, proportions, colors, modelings, overlays, torn clothes, air, challenging, puffed sleeves, wide frames, Quiet, Luxury, looks, super discreet, basics, drama, Shivon, Roy, luxury market, Brazilian, luxury items, possessions, image, message.
Tenho várias lembranças da minha infância, mas um excesso de fotos da minha adolescência. A memória é falha e é impossível lembrar de tudo. Quando nos esquecemos desses momentos, somos salvos pelos registros fotográficos. Lamento não ter muitos dessa época.
Em meio à abundância de fotos da adolescência, sinto que há um excesso de detalhes capturados, quase uma superabundância de informações visuais. A sensação de luxo de ter tantas lembranças registradas contrasta com a descaro da memória em falhar em recordar. A ostentação das fotografias revela uma sobranceira sobre o tempo, como se o acesso ao passado estivesse em superfluidade.
Reflexões sobre o Excesso na Moda
Por outro lado, quando reflito sobre o que representava a moda nos anos de 1980, das vestimentas que eu usava na época, esse vácuo fotográfico que permanece preservado em minha memória é algo que mantém minha reputação intacta. Os registros daquela era servem apenas como memes nos dias de hoje, pois tudo naquela época era marcado por um puro exagero fashion. A demasia se manifestava nas proporções exageradas, nas cores vibrantes, nas modelagens ousadas e nas sobreposições extravagantes. As roupas rasgadas e com um ar desafiante eram influências diretas do movimento punk que dominava a cena. As mangas bufantes, presentes em ocasiões um pouco mais formais, refletiam a influência do romantismo idealizado da princesa Diana. Já as ombreiras e as roupas amplas, usadas pelas mulheres, eram uma afirmação do movimento feminino em demonstrar sua força, especialmente no mercado de trabalho. Era, sem dúvida, um período de superabundância. No entanto, não necessariamente de ostentação.
A situação econômica daquela época não permitia muito espaço para o luxo exagerado. A moda sempre foi uma forma de expressão do contexto vivido, e muitas tendências surgiram nas passarelas entre os anos 1980 e os dias atuais. A mais recente delas é o conceito de Quiet Luxury (Luxo Discreto, em tradução livre). Nessa nova abordagem da moda, não há lugar para a ostentação. Nada de logotipos chamativos, estampas exageradas ou exibicionismo. A ideia central é que menos pode ser mais, e às vezes, muito mais. Os consumidores estão cada vez mais interessados em peças de alta qualidade, bem elaboradas e atemporais, em detrimento de itens excessivamente adornados que gritam poder aquisitivo.
Inspiradas por ícones da moda, como Miuccia Prada, herdeira da renomada marca italiana Prada, as pessoas estão aderindo a looks super discretos e básicos, sem chamar atenção. Além disso, a dramaturgia também abraça esse tema, como exemplificado pela personagem Shivon Roy em ‘Succession’, da HBO. Mesmo cercada de outras extravagâncias típicas dos super-ricos, ela sempre optava por vestimentas simples, sem qualquer ostentação.
A ostentação é deixada para os números desse mercado. Uma pesquisa sobre o mercado de luxo brasileiro, conduzida pela consultoria Bain & Company a pedido do jornal Valor Econômico e da revista Vogue, revelou que esse setor deve dobrar de tamanho, passando dos R$ 74 bilhões faturados em 2022 para R$ 133 bilhões em 2030. Esse crescimento expressivo reflete a mudança de mentalidade dos consumidores em direção a um consumo mais consciente e seletivo.
Esse movimento minimalista traz consigo uma importante questão geracional, e as marcas de luxo precisam estar atentas a isso. As novas gerações buscam o luxo não apenas para possuir, mas para utilizar. Além disso, a busca por posicionamento social é uma constante. Os artigos de luxo, considerados bens posicionais, desempenham um papel crucial nesse contexto.
A diferença entre adquirir uma bolsa comum e uma bolsa de uma grife internacional vai muito além do produto em si. Trata-se da imagem e da mensagem que se deseja transmitir. Ao contrário do que era visto nos anos 1980 e ainda persiste em certa medida, a discrição e a seletividade passaram a ser mais valorizadas do que a extravagância. O exagero agora é associado à ostentação, não à elegância, e há uma distinção significativa entre esses dois conceitos.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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