Nos anos 80, ficou conhecido por críticas à política econômica, persistência do pensamento, e licenciou-se em matemática.
A economista Maria da Conceição Tavares faleceu no último domingo (8), aos 94 anos. A notícia foi divulgada pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituição da qual foi uma das pioneiras.
‘Maria da Conceição Tavares nos deixou hoje. Ela foi reconhecida como professora emérita do Instituto de Economia, contribuindo significativamente para o campo acadêmico e econômico.
Maria da Conceição Tavares: A Economista e Professora que Marcou Época
Por sua retidão moral, dedicação e capacidade intelectual, Maria da Conceição Tavares foi a voz responsável pela persistência do pensamento latino-americano de esquerda no Brasil, tendo fundado as escolas de Campinas, nossa irmã intelectual, e nós mesmos. Adeus professora. Muito obrigado. Tentaremos tocar adiante como grande homenagem, foi confirmado pelo instituto em comunicado oficial.
A notícia da morte de Maria da Conceição Tavares gerou comoção nas redes sociais e se tornou um dos assuntos mais comentados na manhã deste domingo. Conceição Tavares se popularizou entre as novas gerações nos últimos anos a partir de ‘cortes’ (trechos de vídeos) de aulas e entrevistas que viralizaram nas redes sociais.
Maria da Conceição de Almeida Tavares nasceu na cidade de Anádia, em Portugal, no dia 24 de abril de 1930. Licenciou-se em matemática na Universidade de Lisboa e, um ano depois de formada, em 1954, mudou-se para o Brasil, onde se naturalizou brasileira poucos anos depois, em 1957.
No banco que é hoje o BNDES, Maria da Conceição Tavares trabalhou como analista entre 1958 e 1960, ano em que concluiu a faculdade de ciências econômicas na então Universidade do Brasil. Cursou pós-graduação em desenvolvimento econômico na Comissão Econômica para América Latina (Cepal), onde foi colaboradora da mesma entre 1961 e 1974.
Em 1973, Maria da Conceição Tavares foi uma das fundadoras do primeiro curso de pós-graduação em economia na Unicamp. Obteve seu doutorado na UFRJ em 1975, defendendo a tese ‘Acumulação de Capital e Industrialização no Brasil’. Três anos depois, tornou-se professora titular de macroeconomia na UFRJ.
Na primeira metade dos anos 80, Conceição Tavares ganhou maior notoriedade fora dos meios acadêmicos ao publicar uma série de trabalhos criticando a política econômica do governo. Mas tornou-se uma figura nacional pouco depois do lançamento do Plano Real, quando, como consultora econômica do Ministério do Planejamento, apoiou o Plano Cruzado e emocionou em uma entrevista à televisão ao comentar os efeitos que a estabilização monetária poderia trazer para os mais pobres.
Em 1980, formalizou sua participação política filiando-se ao PMDB. Em 1994, ela se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT), elegendo-se deputada federal pelo Estado do Rio, onde sempre morou desde que veio para o Brasil. Depois de cumprir um único mandato, desistiu de concorrer a outros cargos públicos.
Maria da Conceição Tavares voltou a participar do governo federal, assessorando o então senador petista Aloízio Mercadante, de São Paulo, depois da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo ela também influenciou por meio da indicação de Carlos Lessa, que ocupou a presidência do BNDES até novembro de 2004.
Em março deste ano, Maria da Conceição Tavares foi homenageada em um evento pela igualdade de gênero no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na ocasião, já vivendo reclusa em Nova Friburgo, na serra fluminense, foi representada pela também economista e amiga Hildete Hermes de Araújo, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Fonte: @ Valor Invest Globo
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