A baixa adesão à vacinação aumenta a prevalência de doenças oncogênicas. O atraso no diagnóstico eleva a mortalidade. Prevenção é fundamental.
Uma das principais causas do câncer de colo de útero é o HPV. Por isso, é fundamental que as mulheres realizem exames preventivos regularmente para identificar possíveis lesões precocemente e evitar complicações futuras. A conscientização e a informação sobre o HPV são essenciais para a prevenção dessa doença.
O vírus do papiloma humano é transmitido principalmente por contato sexual desprotegido, podendo levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas no colo do útero. Por isso, a vacinação contra o HPV é uma medida importante para reduzir a incidência dessa infecção e prevenir o câncer de colo de útero. É fundamental que as mulheres estejam atentas aos cuidados com a saúde e busquem orientação médica para a prevenção do vírus do papiloma humano.
HPV: o terceiro câncer mais prevalente entre mulheres
Vale lembrar ainda que se trata do terceiro tipo de câncer mais prevalente entre mulheres, excluídos os tumores de pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo Eduardo Cândido, membro da Comissão de Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero se desenvolvem a partir da infecção pelo papilomavírus (HPV), sendo que os subtipos 16 e 18 representam a maioria dos casos – no total, são 200 subtipos identificados. Ele afirma que cerca de 70% a 80% da população entra em contato com o HPV em algum momento da vida, principalmente por meio da atividade sexual.
Embora a maioria das infecções pelo vírus seja resolvida pelo sistema imunológico, algumas persistem, o que pode resultar no desenvolvimento de lesões e, eventualmente, no desenvolvimento do câncer.
Vírus do Papiloma Humano: importância da prevenção e mortalidade
Mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero se desenvolvem a partir da infecção pelo papilomavírus (HPV), sendo que os subtipos 16 e 18 são os principais culpados. Na avaliação de Angélica Nogueira, oncologista clínica e membro do Comitê de Lideranças Femininas da Sociedade Brasileira Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a dificuldade para reduzir tanto a prevalência quanto a mortalidade pela doença indica uma necessidade contínua de conscientização sobre a importância dos exames de rastreamento precoce, do uso de preservativos e da vacinação contra o HPV.
Ela explica que as lesões precursoras do HPV, que acometem o colo do útero, são consideradas pré-cancerígenas e não provocam sintomas, sendo visíveis apenas por meio do exame de papanicolau.
Prevenção e vacinação: métodos essenciais
O uso de preservativos e a vacinação são consideradas as medidas essenciais para evitar o aparecimento do câncer de colo de útero. No Brasil, existem dois tipos de vacina disponíveis até o momento: Vacina quadrivalente: disponível no SUS, é indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos; homens e mulheres transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia; pacientes com HIV/Aids, e vítimas de violência sexual.
Vacina nonavalente: disponível na rede privada, é indicada a crianças e adultos de 9 a 45 anos. A vacina quadrivalente protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 de HPV, enquanto a nonavalente protege ainda contra os subtipos oncogênicos 31, 33, 45, 52 e 58.
Vacinas quadrivalente e nonavalente: eficácia e cobertura vacinal
Considerando os subtipos 16 e 18, os mais relevantes quando se trata do câncer de colo de útero, o primeiro imunizante oferece 70% de eficácia na prevenção, enquanto o segundo apresenta uma proteção de até 90%. O problema é que, assim como acontece com as taxas de realização do exame de papanicolau, os índices vacinais contra o HPV também estão abaixo do ideal. Segundo dados do Ministério da Saúde, 87,08% das meninas brasileiras entre 9 e 14 anos de idade receberam a primeira dose da vacina em 2019.
Em 2022, a cobertura caiu para 75,81%. Entre os meninos, os números também são preocupantes: a cobertura vacinal caiu de 61,55%, em 2019, para 52,16%, em 2022. Vale ressaltar que, além do câncer de colo de útero, o HPV pode causar outros tipos de câncer, como vaginal, anal, peniano e na orofaringe.
Desafios da cobertura vacinal e comunicação estratégica
Na opinião da pediatra Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a cobertura vacinal abaixo do ideal está associada a uma falha na comunicação. Levando em consideração que o público-alvo são meninos e meninas de 9 a 14 anos, a avaliação de Mônica é que deveria haver uma comunicação mais estratégica, que leve em consideração os interesses desse perfil etário, de forma a ressaltar a importância da vacina e sua segurança para adolescentes e pré-adolescentes.
Além disso, para a oncologista Angélica, a cobertura vacinal contra o HPV está aquém do desejado devido ao tabu criado pelos responsáveis de que a vacina pode colaborar para o início da vida sexual precoce. ‘Já existem estudos que desmistificam essa ideia.
O que os pais precisam ter em mente é que o HPV pode evoluir para diversos tipos de câncer, especialmente na vida adulta. Por isso a vacina é tão necessária’, afirmou a especialista.
Fonte: @ Estadão
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