Inflação abaixo, nova presidência agrada, lado fiscal fraco, juros EUA pressionam, índice cai de novo esta semana.
A manhã começou com boas perspectivas para os investidores da bolsa brasileira. O Ibovespa estava em alta após dados de inflação positivos e um certo alívio com a nova presidência da Petrobras. Os ganhos eram visíveis, mas, como tem sido comum, as questões fiscais e os juros nos Estados Unidos exerceram pressão e fizeram o Ibovespa recuar.
No cenário do mercado de ações, a volatilidade continuava presente, influenciando o desempenho do Ibovespa. Os investidores acompanhavam de perto os movimentos, cientes de que fatores externos poderiam impactar os resultados locais. A busca por estabilidade era constante, mesmo diante das oscilações do mercado de ações.
Impacto do IPCA-15 no Ibovespa e no mercado de ações
Com isso, o Ibovespa acabou invertendo o sinal e encerrando o dia com queda de 0,58%, aos 123.780 pontos – cada vez mais distante da marca dos 127 mil pontos alcançados no início de maio. No mês, aliás, a queda acumulada é de 1,70% e, no ano, 7,75%. Em sua primeira entrevista como nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, ganhou alguns pontos com os investidores, ao mencionar a importância de tornar a empresa rentável e atender aos acionistas majoritários e minoritários no mercado de ações. A parte do discurso que mostra um alinhamento maior aos interesses do governo não agradou, mas já era esperada e, por isso, teve um impacto menor no preço dos papéis, que subiram também com a ajuda da valorização do petróleo.
Desempenho do Ibovespa diante dos dados de inflação e nova presidência da Petrobras
Apelidada de ‘prévia da inflação’, o IPCA-15 mostrou aceleração em maio em relação a abril, mas ainda assim foi bem recebido pelo mercado de ações. Isso porque a inflação de 0,44% do período ficou abaixo dos 0,47% esperados. O indicador também evidenciou o efeito limitado da tragédia no Rio Grande do Sul, um importante pólo de produção de alimentos. Outro ponto considerado positivo foi que a variação acumulada em 12 meses nos núcleos da inflação segue em trajetória de desaceleração, passando de 3,6% em abril para 3,5% em maio.
Impacto dos juros nos Estados Unidos no lado fiscal e no Ibovespa
Embora o IPCA-15 tenha apresentado uma desaceleração ligeiramente melhor que o esperado nos serviços subjacentes, animando os mercados na abertura, o superávit do governo, de R$ 11,1 bilhões, ficou aquém da expectativa do mercado, que era de R$ 12,6 bilhões. Segundo Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital, houve um novo crescimento da dívida pública, o que coloca em dúvida os esforços para aliviar as expectativas de inflação. Na parte internacional, os juros do Tesouro dos Estados Unidos tiveram leve alta após um leilão mostrar pouco interesse na compra dos títulos. Com isso, o prêmio aumentou como forma de atrair mais investidores e acabou afetando a bolsa brasileira.
Reflexos nos índices e no novo presidente da Petrobras
Fica difícil para ativos de risco de emergentes competirem com taxas altas da renda fixa do país com a economia considerada mais estável do mundo. É uma luta desigual. O movimento natural é de migração de recursos para esses títulos, em vez de permanência em bolsas. Os juros futuros de curto prazo operaram em leve queda, também refletindo o IPCA-15 melhor que o esperado. As taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 se mantiveram estáveis a 10,37%. Mas os contratos para 2026 e 2027 passaram por leve descompressão. Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic; Já para janeiro de 2034, saíram de 11,72% para 11,81%. Essas taxas mais longas costumam medir o tal do ‘risco fiscal’, que é a capacidade de o governo manter as contas públicas em dia.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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