Earthsight investigou imagens de satélite e registros de exportação, suspeitando de origem ilegal de insumos; empresas aguardam investigação até novembro de 2023.
Um recente estudo divulgado pela Organização Não Governamental (ONG) Earthsight revelou conexões entre o uso de algodão nas peças de vestuário das marcas Zara e H&M e áreas suspeitas de grilagem e desmatamento no cerrado brasileiro. A matéria-prima empregada na confecção dessas coleções é aprovada pela instituição Better Cotton (BC), um órgão de governança que busca promover práticas responsáveis e sustentáveis no cultivo de algodão em diversos países.
O algodão, como uma importante fibra natural, desempenha um papel fundamental na indústria têxtil global. Sua versatilidade e conforto tornam-no uma opção popular tanto para roupas de cama quanto para vestuário. Além disso, o uso de algodão de origem sustentável está se tornando cada vez mais relevante para consumidores conscientes, preocupados com a proveniência de suas roupas e o impacto ambiental. Manter a transparência em toda a cadeia de produção é essencial para garantir a sustentabilidade do setor têxtil a longo prazo.
Investigação revela falhas nos métodos de fiscalização de algodão
A organização não governamental Earthsight revelou que considera ‘falhos’ os métodos de fiscalização utilizados para monitorar a produção de algodão em algumas das maiores fazendas do Brasil. A equipe da Earthsight dedicou mais de um ano à análise de imagens de satélite, decisões judiciais e registros de exportação, participando até de feiras comerciais globais de maneira secreta.
Rastreamento do algodão até grandes varejistas de moda
Os insumos de algodão rastreados pela ONG foram destinados a fabricantes de roupas na Ásia, que são fornecedores das duas maiores varejistas de moda do mundo. Toda essa investigação apontou para quase um milhão de toneladas de algodão cultivado no Brasil, o qual foi utilizado na produção de quase 250 milhões de peças de roupa e artigos domésticos para as lojas globais da H&M, Zara e outras marcas.
Certificação como sustentável e origem suspeita
Embora todo o algodão rastreado pela Earthsight seja certificado como sustentável pela Better Cotton, a investigação revelou suspeitas de grilagem de terras e desmatamento nas regiões de produção. Após essas informações, uma investigação interna foi instaurada, levando a Better Cotton a solicitar mais pesquisas para determinar a conformidade das fazendas rastreadas.
Atualizações nas regras e respostas das varejistas
As regras da Better Cotton foram atualizadas em março de 2023, porém, ainda são consideradas falhas pela Earthsight, com questões como certificação de algodão proveniente de terras desmatadas ilegalmente antes de 2020. Zara e H&M responderam às acusações, com a Zara exigindo transparência na investigação da Better Cotton e a H&M aguardando respostas da certificadora para garantir padrões sustentáveis.
Conclusões e medidas adotadas
A investigação levantada aponta para a necessidade de uma revisão aprofundada nos processos de certificação e fiscalização do algodão proveniente do Brasil. Com novembro de 2023 se aproximando, a pressão sobre as varejistas e certificadoras para garantir práticas sustentáveis na produção de algodão se intensifica, visando a preservação do meio ambiente e o respeito pelas comunidades locais.
Fonte: @ Info Money
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