Treinadora da Ferroviária, mãe sola: entre quatro líderes femininas da Série A Brasileira, vida diária, processo considerado positivo, clube oferece liberdade, mãe rompe muitas barreiras, duas funções: cuidar e educar, cobrar respeito no caminho profissional.
Há quase dois anos, a vida de Jéssica de Lima mudou completamente. A chegada da pequena Luísa em julho de 2022 transformou o cotidiano da técnica da Ferroviária em casa e também no clube. Com a filha, Jéssica aprendeu que as coisas podem ser mais leves, mas sem deixar de lado o comprometimento com o bem da equipe em campo e da família.
Como mãe e treinadora, Jéssica encontrou um equilíbrio delicado entre a maternidade e o trabalho. A presença de Luísa trouxe um novo significado para sua rotina, reforçando a importância de ser dedicada tanto no campo quanto em casa. Jéssica se orgulha de ser uma figura inspiradora para sua filha e para as jogadoras da equipe, mostrando que é possível conciliar as duas facetas com amor e determinação.
Jéssica: A Treinadora e Mãe
Quando se é mãe e treinadora, a vida não gira mais em torno de si mesma. Jéssica sabe disso muito bem. Ela entende que não tem mais total controle sobre as ações do seu dia a dia. Ao ver suas jogadoras entrarem em campo, percebe que o controle que tinha nos treinos não é o mesmo. E isso tudo se reflete também na sua filha. Jéssica tenta dar conselhos, mas às vezes sua filha faz exatamente o oposto do que foi dito, o que resulta em risadas e reflexões.
Essa nova fase está desconstruindo a Jéssica que cresceu em um ambiente autoritário, onde a violência muitas vezes era a solução. Porém, como treinadora e mãe, ela está determinada a oferecer uma educação diferente para suas jogadoras e, principalmente, para sua filha. Jéssica, aos 42 anos e na Ferroviária desde 2022, é a única mãe entre as técnicas dos times da elite do Campeonato Brasileiro Feminino.
Sua jornada como mãe começou quando sua esposa, Milene Souza, deu à luz por meio de fertilização in vitro (FIV), no mesmo ano em que Jéssica assumiu como treinadora das Guerreiras Grenás. Mesmo com as dificuldades que surgiram, Jéssica encarou o desafio de conciliar a maternidade com o trabalho, um processo que ela considera positivo, graças às condições oferecidas pelo clube.
‘Fico feliz por ser mãe, mas não fico tão feliz por ser a única mãe. Acredito que ainda precisamos romper muitas barreiras para que mais lugares sejam como a Ferroviária, onde a liberdade de ser mãe é respeitada. Aqui posso trazer minha filha para o treino, levá-la em viagens, algo que sei que não é possível em todos os lugares’, destacou Jéssica.
Essa liberdade é essencial para que as mulheres que desejam seguir um caminho profissional não se vejam obrigadas a escolher entre a carreira e a maternidade. Jéssica entende que suas duas funções, como mãe e treinadora, são desafiadoras e únicas. Cuidar, educar e cobrar são ações que fazem parte do seu dia a dia, tanto com sua filha Luísa, quanto com as jogadoras da Ferroviária.
‘Ser mãe e ser treinadora têm muitas singularidades. É um constante desafio, tanto em casa com a Luísa, quanto no campo com as jogadoras. Há momentos de cansaço, felicidade, desafios e aprendizados. Minha filha me ensina paciência, assim como as meninas me ensinam todos os dias’, refletiu Jéssica.
O primeiro ano de vida de Luísa foi marcado por momentos especiais, tanto pessoais quanto profissionais para Jéssica. Em 2023, enquanto sua filha dava os primeiros passos e falava suas primeiras palavras, Jéssica alcançava a primeira final do Brasileiro como técnica, um marco em sua carreira que a motivava a seguir em frente, traçando um caminho profissional e pessoal repleto de desafios e conquistas.
Fonte: © GE – Globo Esportes
Comentários sobre este artigo