Três ex-agentes da PRF são acusados de tortura e homicídio triplamente qualificado, segundo o Ministério Público Federal, no Fórum de Estância, com defesa do Advogado Glover Castro.
Em um momento de grande comoção, Maria Vicente de Jesus, mãe de Genivaldo de Jesus Santos, compareceu ao Fórum de Estância, em Sergipe, para prestar depoimento no segundo dia de júri do caso que envolve a morte de seu filho. A sessão ocorreu sem a presença dos réus e durou cerca de 15 minutos, durante os quais a mãe de Genivaldo não conseguiu conter a emoção.
A morte de Genivaldo em uma ação policial na cidade de Umbaúba, em 2022, deixou uma marca profunda na família e na comunidade. A vítima, que era um jovem de grande potencial, teve sua vida ceifada de forma trágica. A mãe de Genivaldo de Jesus Santos lutará para que a justiça seja feita e que os responsáveis sejam punidos. A dor da perda é irreparável. A busca por justiça é um direito.
Julgamento dos Ex-Agentes da PRF
Os três ex-agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Kléber Nascimento Freitas e William de Barros Noia, estão sendo julgados pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado. O advogado Glover Castro, responsável pela defesa de William, alega que não houve intenção de praticar o crime de homicídio. Já o advogado José Rawlinson Ferraz Filho, que defende Paulo Rodolpho, reiterou a inocência do ex-policial e classificou sua prisão como uma grave injustiça.
A defesa de Kléber Freitas, representada pelo advogado Carlos Barros, disse que o julgamento vai esclarecer a verdade e que a atuação de seu cliente esteve plenamente alinhada ao cumprimento de suas funções como policial. A mãe da vítima, Maria Vicente, respondeu às perguntas feitas pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) sobre como era a convivência com o filho e sobre como agora convive com sua ausência.
Maria Vicente entrou na sala de audiência por volta das 8h30 e contou sobre sua vida após a morte de seu filho, Genivaldo de Jesus Santos. ‘Nós morremos junto com Genivaldo depois que ele se foi’, disse. Ela também falou sobre a ausência do filho, que é muito dolorosa e a deixou ainda mais doente. ‘À noite eu acordo lembrando do sofrimento que ele passou, porque foi uma morte muito triste’, afirmou.
A mãe de Genivaldo também reivindicou justiça e disse que não recebeu nenhum apoio desde a morte do filho. Apenas duas cestas básicas foram enviadas pela prefeitura logo após a morte dele. Ela conta com ajuda de amigos para se deslocar até Estância. ‘Nós somos muito fracos e não temos condições de estar aqui todos os dias, então qualquer ajuda a gente aceita’, disse.
Depoimentos e Investigação
Os depoimentos devem seguir até o final do dia, com a expectativa de que nove testemunhas sejam ouvidas nesta quarta-feira. Na terça-feira, primeiro dia de julgamento, prestou depoimento o sobrinho de Genivaldo, Walison de Jesus Santos. Ele presenciou a abordagem dele por ex-agentes da PRF. ‘Estar aqui já é muito difícil porque eu tenho que relatar e reviver aquele momento. Mas o mais difícil é ver meu sobrinho desenhar o pai morando no céu’, disse, emocionado.
Genivaldo tinha 38 anos, era diagnosticado com esquizofrenia e pai de um menino que na época tinha 7 anos. Ele foi morto em 25 de maio de 2022 quando policiais soltaram spray de pimenta e uma bomba de gás lacrimogêneo dentro do porta-malas da viatura em que ele foi colocado após uma abordagem. Na ocasião, ele havia sido parado por trafegar de moto sem capacete. Antes de ser colocado na viatura, foi imobilizado, atingido com spray nos olhos, jogado ao chão e recebido chutes dos policiais.
As investigações apontaram que Genivaldo ficou 11 minutos dentro da viatura, onde foi submetido a uma tortura cruel e desumana. A família de Genivaldo busca justiça e respostas sobre a morte do filho. O julgamento é um passo importante para que a verdade seja revelada e que os responsáveis sejam punidos.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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