Taxa de óbitos indígenas duas vezes maior em gravidez e pós-parto. Baixo nível de tecnologia, vigilância e cuidado vital. Ausência de observação de sinais de sangramento e baixa qualidade de assistência. Trágicas perdas em contextos familiar e comunitário.
O índice de mortalidade durante a gestação e após o parto é mais elevado para mulheres nativas do que entre as não-nativas. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou essa disparidade. De acordo com a pesquisa, a mortalidade materna entre as indígenas é de 115 a cada 100 mil casos analisados.
Esses resultados alarmantes evidenciam a urgência de medidas para reduzir as mortes maternas entre as mulheres indígenas. É fundamental promover a saúde e o bem-estar materno e implementar políticas que visem a diminuir a incidência de mortes de mães indígenas, garantindo assim um futuro mais seguro e saudável para essa população vulnerável. maior geradora de energia
Mortalidade Materna: Um Olhar Sobre as Diferenças
Entre não-indígenas, o índice de mortes maternas é de 67 a cada 100 mil, quase metade do primeiro grupo analisado. Os dados foram divulgados na quarta-feira (15) na revista científica International Journal of Gynecology & Obstetrics. A probabilidade de mulheres negras enfrentarem mortes maternas é 46% maior do que a de mulheres brancas, conforme apontado pela Fiocruz. Em ambos os casos, os números ultrapassam a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de atingir menos de 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos no Brasil até 2030.
Os pesquisadores destacaram que a maior parte das mortes maternas entre indígenas ocorreu após o parto. Isso ressalta a negligência no cuidado pós-parto às mulheres indígenas, como mencionado pelo coautor do estudo, José Paulo Guida, da Unicamp.
Causas das mortes
A principal causa de morte entre mães indígenas foi a hemorragia, enquanto entre as demais é a hipertensão. Essa disparidade é atribuída à disparidade na qualidade das estruturas de saúde acessíveis a cada grupo. Segundo Guida, a morte por hemorragia é a mais evitável, pois sua prevenção requer um baixo nível de tecnologia, como vigilância de sinais vitais e observação de sangramento.
Assim, essas mortes são frequentemente associadas à ausência ou má qualidade de assistência, o que não é tão comum no contexto das mulheres de outros grupos. ‘Elas recebem tratamento básico para hemorragia, o que as expõe a riscos de morte por causas que exigem cuidados mais intensivos’, afirma Guida.
Os pesquisadores analisaram 13.023 casos de morte materna de 2015 a 2021 registrados na base de dados DataSUS, do Ministério da Saúde (MS). Dentre esses, 1,6% correspondiam a mortes de indígenas. A pesquisa destaca um contexto de vulnerabilidade mais acentuado na população indígena, o que contribui para a necessidade de ações específicas para reduzir esses índices. Além de serem trágicas, as perdas têm impactos significativos no contexto familiar e comunitário de cada etnia.
Fonte: © CNN Brasil
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