Obra de Plínio Marcos, perseguido pela Ditadura no Brasil, foi proibida após estreia teatral, trazendo renovação e técnicas incomuns ao palco, abordando temas marginal e estudantil na literatura.
Ney Latorraca, um nome que marcou a história do teatro e da televisão brasileira, faleceu aos 80 anos após lutar contra o câncer de próstata. Sua carreira foi marcada por uma série de sucessos, incluindo papéis em produções como Vamp, O Mistério de Irma Vap e TV Pirata.
Como um ator e artista talentoso, Ney Latorraca conquistou o coração do público com suas interpretações memoráveis. Seu talento foi reconhecido desde cedo, quando, em 1965, estreou profissionalmente com a peça Reportagem de um Tempo Mau, de Plínio Marcos, aos 21 anos. Nessa época, ele já havia atuado em teatro estudantil e estava pronto para se lançar no mundo das artes. Como um intérprete versátil, Ney Latorraca continuou a impressionar o público ao longo de sua carreira, deixando um legado que será lembrado por gerações futuras. Sua contribuição para a cultura brasileira é inestimável.
Um Espetáculo Proibido
No início da Ditadura no Brasil, Ney Latorraca, um ator, artista e intérprete de grande talento, esteve envolvido em uma peça de teatro que foi vetada pela censura. A obra, ‘Reportagem de um Tempo Mau’, foi escrita e dirigida por Plínio Marcos, um ícone do teatro e da literatura marginal, que vivia na mira da censura devido à sua marca autoral marginal e aos temas abordados em suas obras.
A peça, que contava com a participação de Ney Latorraca, foi apresentada apenas uma vez antes de ser proibida. O espetáculo abordava temas sociais como exploração de trabalhadores, racismo, repressão sofrida pela mulher na vida conjugal, concentração de terras e hipocrisia moral. A obra utilizava uma técnica incomum para o dramaturgo, a colagem de textos, que reunia trechos de escritores como Bertold Brecht e Bíblia.
A Censura e a Repressão
A censura da peça foi um golpe duro para Ney Latorraca e os demais envolvidos. O autor e diretor, Plínio Marcos, declarou que ficou ‘completamente arrasado’ e que queria ‘se matar’ após a proibição da obra. Ele voltou para Santos, sua cidade natal, após o incidente.
A proibição da peça foi apenas o início de uma série de repressões contra Plínio Marcos e o Teatro Arena, onde a obra foi apresentada. O teatro, que promovia a renovação nos palcos brasileiros, foi fechado pela Ditadura em 1972, e seus integrantes foram presos. Posteriormente, Plínio Marcos teria toda a sua obra proibida.
Ney Latorraca, um ator, artista e intérprete de grande talento, foi um dos poucos que se arriscaram a participar de uma peça de teatro que desafiava a censura e a repressão da Ditadura. Sua participação na obra é um testemunho da coragem e da dedicação que ele tinha ao seu ofício.
Fonte: @ Terra
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