Em entrevista ao NeoFeed, Venki Ramakrishnan, biólogo molecular, arremessa uma gota fria aos bilionários do Vale do Silício obcecados pela busca de longevidade, revolucionando a ciência do envelhecimento, funcionando em sintonia com investigações atuais sobre o tema, prometendo desvelar os processos que determinam o praza de validade de nossa existência. (148 caracteres)
Nós somos a única espécie ciente da própria finitude. A descoberta de que um dia envelheceremos, nós e nossas pessoas queridas, acontece ainda na infância. E a ideia é tão aterradora que a maioria não lembra do momento em que se tornou consciente do envelhecimento. Mas o medo está lá e nos acompanha ao longo da vida.
O processo de envelhecimento é inevitável e faz parte da jornada de cada ser humano. Com o passar dos anos, a idade avança e as marcas do aging se tornam mais evidentes. É importante aceitar e compreender que o envelhecimento traz consigo experiências valiosas e aprendizados que enriquecem nossa existência. A reflexão sobre o ciclo da vida e a passagem do tempo nos convida a valorizar cada momento e a viver plenamente, mesmo diante das incertezas que o futuro possa trazer. doação de leite materno
O desafio do envelhecimento e a busca pela juventude eterna
Alguns indivíduos, de forma mais intensa do que outros, anseiam por encontrar maneiras de prolongar o prazo de validade de nossa existência. Ao longo dos séculos, temos testemunhado avanços significativos nesse sentido. A longevidade se destaca como uma das maiores conquistas da humanidade. No início do século 19, atingir a idade de 35 anos era considerado um feito notável. Com o passar dos anos, a expectativa de vida dobrou, ultrapassando os 62 anos em um século e meio. Atualmente, a média global alcança os 73 anos, enquanto no Brasil gira em torno dos 76 anos. Todo esse progresso se deve à revolução da ciência do envelhecimento.
A capacidade de desvendar os processos pelos quais nossas células envelhecem ao longo do tempo, gradualmente perdendo sua vitalidade até cessarem seu funcionamento de forma coordenada, é crucial. Nesse momento, nos deparamos com a inevitabilidade da morte, sem ter controle sobre esse processo. Apesar dos avanços científicos, ainda nos questionamos se um dia será possível ludibriar o envelhecimento, as enfermidades e a morte. E, caso seja viável, seria ético fazê-lo? Quais seriam as implicações sociais e éticas de estender significativamente nossa longevidade além dos padrões atuais?
Essas indagações fundamentam a essência do mais recente livro do renomado biólogo molecular Venki Ramakrishnan, intitulado ‘Why we die: The new science of aging and the quest for immortality’. Nascido em Chidambaram, na Índia, filho de pais cientistas, o autor anglo-americano, de 72 anos, foi laureado com o Prêmio Nobel de Química em 2009. Em colaboração com Thomas Steitz e Ada Yonath, Ramakrishnan elucidou a estrutura e a função dos ribossomos, as organelas celulares responsáveis pela síntese de proteínas – elementos fundamentais para a sustentação da vida em todos os organismos, desde bactérias até seres humanos.
Ao longo das 320 páginas de sua obra, Ramakrishnan nos conduz por uma jornada fascinante, conforme descrito pelo oncologista e escritor Siddhartha Mukherje. O livro explora a biologia molecular do envelhecimento e propõe ao leitor uma imersão nas bases das pesquisas sobre o tema, visando a distinguir fatos de exageros. Ramakrishnan ressalta que os seres humanos naturalmente nutrem ansiedade em relação à velhice e à morte, uma inquietação que pode ser explorada economicamente, como ele menciona em entrevista ao NeoFeed.
Em uma sociedade que venera a juventude, somos constantemente bombardeados pela promessa de deter o envelhecimento. Nos últimos anos, presenciamos a publicação de milhares de artigos científicos sobre o assunto e o surgimento de centenas de startups que receberam vultosos investimentos com o propósito de desvendar ‘a chave para a imortalidade’. Ramakrishnan critica as distorções presentes na cruzada anti-idade, liderada em grande parte por magnatas da tecnologia. Ele ironiza que muitos desses líderes, homens maduros, frequentemente casados com mulheres mais jovens, podem adquirir quase tudo, exceto a juventude.
Fonte: @ NEO FEED
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