Daniel Santos, Co-fundador e Co-CEO da CredAluga, analisa o mercado de aluguel no Brasil, considerando a taxa de juros, inflação, impacto nos custos e mudanças nos planos, impulsionadas pela digitalização dos processos.
O mercado de aluguel no Brasil tem passado por uma transformação significativa nas últimas duas décadas, com um aumento expressivo na demanda por imóveis para locação. De acordo com os dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE, o aluguel se tornou uma opção cada vez mais atraente para os brasileiros. Em 2000, apenas 12,3% dos domicílios brasileiros eram alugados, o que demonstra um crescimento considerável nesse período.
Essa tendência de crescimento no mercado de aluguel pode ser atribuída à busca por habitação acessível e flexível. A locação de imóveis se tornou uma alternativa viável para muitos brasileiros, especialmente em áreas urbanas, onde a compra de imóveis pode ser um desafio. Além disso, o arrendamento de imóveis também tem sido uma opção popular, permitindo que as pessoas tenham acesso a residências de qualidade sem a necessidade de um investimento inicial alto. A residência alugada se tornou uma opção cada vez mais comum no Brasil, refletindo a mudança nos padrões de habitação do país.
O Crescimento do Mercado de Aluguel no Brasil
Dez anos após o início do século XXI, em 2010, o percentual de domicílios alugados no Brasil saltou para 16,4%, atingindo 20,9% em 2022. Esse aumento é ainda mais expressivo em números absolutos: enquanto o país possuía cerca de 6,7 milhões de domicílios alugados em 2000, em 2022 passou para 18,8 milhões. Isso representa um crescimento anual de 5% ao ano, muito superior ao crescimento de 2,5% ao ano no número total de domicílios, o que indica que o aluguel está ganhando relevância no país em um ritmo que supera o aumento geral das residências.
O mercado de aluguel está impulsionado por três fatores principais: a alta taxa de juros no Brasil, que torna a compra de imóveis inacessível para muitas famílias, especialmente em períodos de instabilidade econômica; a inflação nos custos de construção, que eleva o preço final dos imóveis e dificulta sua aquisição; e as mudanças nos planos diretores e regulamentações urbanas, que criam uma oferta limitada de novos empreendimentos e pressionam os preços do mercado. Esses fatores, aliados à crescente busca por flexibilidade e mobilidade, indicam que o aluguel continuará a ser uma escolha atrativa para uma parcela significativa da população.
A Digitalização dos Processos Imobiliários
Outro elemento que tem facilitado o crescimento do mercado de aluguel no Brasil é a digitalização dos processos imobiliários. Até 2010, alugar um imóvel era um processo burocrático que podia levar várias semanas. Era comum que as imobiliárias exigissem como única alternativa de garantia dois fiadores com imóvel quitado na cidade, além de documentos que precisavam ser assinados e reconhecidos em cartório. Hoje, graças à transformação digital, o cenário é completamente diferente. Plataformas digitais e soluções financeiras de garantia locatícia permitem que os inquilinos aluguem um imóvel de forma ágil e sem burocracia. Em muitos casos, é possível alugar e receber as chaves no mesmo dia. Essa redução de fricção tornou o aluguel uma opção ainda mais viável para quem busca praticidade e flexibilidade.
A Penetração do Aluguel nas Regiões Brasileiras
Dentre as regiões brasileiras, o Centro-Oeste merece destaque. Estados como o Goiás, Mato Grosso e o Distrito Federal (DF) lideram em termos de penetração do aluguel. No DF, 33% dos domicílios são alugados – o equivalente a um em cada três. Esse cenário reflete a dinâmica econômica local e o perfil populacional da região, que conta com alta mobilidade de trabalhadores e demandas por soluções habitacionais mais flexíveis. Entretanto, o sudeste e o sul do país permanecem como potências no mercado locatício, até por conta do déficit habitacional em tais estados. Estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná concentram quase 50% de todos os imóveis alugados no Brasil, com taxas de aproximadamente 25% de domicílios alugados – o equivalente a um a cada quatro.
Fonte: © Estadão Imóveis
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