Ameaça protecionista do novo presidente dos EUA acelera a assinatura do tratado União Europeia-Mercosul, criando um mercado comum de US$ 22 trilhões, após 25 anos de impasse, em meio à guerra comercial e protecionismo americano.
A assinatura do tratado comercial entre a União Europeia e o Mercosul na sexta-feira, 28 de junho de 2019, marca um marco importante na história da integração econômica regional. Esse acordo, que foi negociado por quase duas décadas e meio, representa um grande passo para a consolidação do Mercosul como um bloco regional relevante no cenário internacional.
A conclusão desse processo de negociação é um sinal claro de que a comunidade econômica do Mercosul está pronta para se integrar mais profundamente à economia global. Além disso, a união de países que compõem o Mercosul demonstra sua capacidade de superar impasses políticos e comerciais e avançar em direção a uma maior cooperação econômica. A cooperação entre os países do Mercosul é fundamental para o crescimento econômico da região. Com esse acordo, o Mercosul se consolida como um importante parceiro comercial para a União Europeia e abre caminho para novas oportunidades de negócios e investimentos. A integração econômica regional é essencial para o desenvolvimento sustentável da região.
O Mercosul e a União Europeia: Um Acordo Histórico
Além de superar divergências para criar um mercado comum com um PIB conjunto de US$ 22 trilhões, mais de 730 milhões de consumidores e 90% de produtos isentos de tarifas, a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, em Montevidéu, no Uruguai, teve efeitos imediatos que transcendem as fronteiras dos dois blocos. Esse acordo é um exemplo de como um bloco regional pode se unir para criar uma comunidade econômica forte e próspera.
O primeiro efeito foi dar uma resposta à ameaça protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que desde a campanha prometeu impor tarifas de 10% para todas as importações dos EUA e acirrar a guerra comercial contra a China. Isso mostra que o Mercosul, como uma união de países, está disposto a se posicionar no cenário comercial global e não se deixar intimidar pelo protecionismo americano.
Outro efeito foi retomar a agenda comercial global, que vinha perdendo espaço desde a pandemia, com a desestruturação das cadeias logísticas, o ciclo de inflação e juros global, e o crescente protecionismo americano, em especial contra a China. O acordo entre o Mercosul e a União Europeia é um exemplo de como os países podem trabalhar juntos para criar uma comunidade econômica mais forte e próspera.
O Significado Geopolítico do Acordo
O ex-embaixador Rubens Barbosa, da consultoria RB & Associados, afirma que a assinatura do acordo União Europeia-Mercosul tem um significado geopolítico mais importante do que o aspecto comercial, tanto para o Brasil e os países da região quanto para a União Europeia. Segundo ele, o acordo é fechado num momento em que o mundo se vê pressionado pela ameaça protecionista de Trump e diante do acirramento do confronto comercial entre EUA e China.
Isso mostra que o Brasil, que faz parte dos Brics, assina uma terceira via com 27 países da Europa mostrando que não está vinculado apenas aos EUA ou à China e segue caminho próprio, juntamente com os demais países do Mercosul. O acordo também mostra que o Mercosul volta a ter posição no cenário comercial global e já ensaia o próximo passo, mirando um acordo comercial com a Ásia.
A Reação de Trump
Mesmo assim, Barbosa não prevê nenhum tipo de reação por parte de Trump: ‘Ele tem uma visão zero, principalmente da América Latina, os americanos não têm política para a região, apenas em relação a temas como imigração e drogas.’ Isso mostra que o Mercosul e a União Europeia estão dispostos a trabalhar juntos para criar uma comunidade econômica mais forte e próspera, independentemente da reação de Trump.
A assinatura do acordo também causou angústia especialmente entre os países da União Europeia, uma vez que o bloco tem nos EUA seu principal parceiro comercial. Com um crescimento econômico europeu pífio desde a pandemia e pressionada por gravíssimas crises políticas internas nas duas maiores potências do bloco – Alemanha e França –, a atual presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, percebeu que era melhor assinar um acordo comercial longe do apoio unânime do bloco, inclusive sob risco de ser barrado na ratificação posterior, a ficar sob ameaça das bravatas de Trump.
Fonte: @ NEO FEED
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