Pelo menos 4 ocupações já ocorreram no centro da cidade após enchentes em Porto Alegre, atingindo famílias no domingo.
As ocupações de edifícios desocupados se tornaram mais frequentes após as inundações em Porto Alegre. Pelo menos quatro ocupações feitas por famílias afetadas pelas chuvas aconteceram no coração da capital gaúcha desde a enchente histórica de maio. A mais recente ocupação, realizada no último domingo (16) por cerca de 200 pessoas, foi alvo de uma ação de despejo, sob chuva, no mesmo dia pela Polícia Militar (PM) do estado.
Enquanto a questão das ocupações temporárias em busca de moradias adequadas ganha destaque, a comunidade local debate sobre a legalidade dessas ações. A situação das famílias que buscam abrigo em prédios abandonados levanta questões sobre a necessidade de soluções mais eficazes para a crise habitacional, evitando conflitos como o ocorrido na invasão do edifício desocupado no centro da cidade.
Ocupação: Uma Alternativa em Meio à Necessidade
A ocupação é uma realidade presente em diversas cidades brasileiras, e em Porto Alegre não é diferente. Recentemente, a Agência Brasil visitou uma ocupação que abriga aproximadamente 48 famílias, totalizando mais de 120 pessoas. Localizada no centro histórico da capital, em um prédio abandonado há mais de uma década, essa ocupação é conhecida como Ocupação Desalojados pela Enchente Rio Mais Grande do Sul.
Diferentemente de outras invasões que ocorreram nos últimos dias, essa ocupação não foi liderada por um movimento social organizado, mas sim por famílias em busca de solução para a falta de moradias. No dia 24 de maio, sem desejo de permanecer em abrigos, essas famílias decidiram ocupar o antigo Hotel Arvoredo, rebatizando-o como O Rio Mais Grande do Sul.
Liziane Pacheco Dutra, uma das ocupantes, compartilhou sua história. Após sua residência no bairro Rio Branco ser atingida por enchentes, ela se viu sem opção a não ser buscar abrigo na ocupação juntamente com sua família. Liziane expressou sua frustração com a situação habitacional em Porto Alegre, mencionando a existência de vários prédios ociosos na cidade.
Carlos Eduardo Marques, outro morador da ocupação, relatou a perda de tudo o que possuía no bairro Sarandi devido às chuvas. Sem ter para onde ir, ele decidiu unir-se a outras famílias insatisfeitas nos abrigos e ocupar o prédio abandonado. Carlos ressaltou a importância de acolher essas famílias em momentos de necessidade.
O déficit habitacional em Porto Alegre, agravado pelas enchentes que afetaram mais de 388 mil pessoas em todo o estado, reflete a urgência de soluções para a questão da moradia. Segundo dados da Fundação João Pinheiro, em 2019, a cidade enfrentava um déficit de mais de 87 mil habitações.
As famílias na ocupação O Rio Mais Grande do Sul enfrentam pressões judiciais para deixar o prédio, mas resistem à ideia de serem realocadas para cidades temporárias ou abrigos. Eles buscam por uma solução digna e permanente para sua situação, reivindicando o direito à moradia adequada e segura. A ocupação se torna, assim, um símbolo da luta por habitação em meio às adversidades enfrentadas pelas famílias atingidas pelas enchentes em Porto Alegre.
Fonte: @ Agencia Brasil
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