Psiquiatra da USP, autor de ‘Rir é Preciso’, focado na relação entre psiquiatria e sociedade. Trabalha com a melhor parte do aparato cognitivo e emocional em tempos difíceis.
A geração Z está cada vez mais presente em diversos aspectos da sociedade. Esses jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e início dos anos 2010 possuem características únicas que os diferenciam das gerações anteriores. Com acesso facilitado à tecnologia e informações, a geração Z possui uma forma de se comunicar e interagir com o mundo de maneira bastante distinta.
Os jovens da geração atual estão moldando não apenas a forma como consumimos, mas também como nos relacionamos e trabalhamos. Essa geração mais nova traz consigo uma mentalidade voltada para a diversidade, inclusão e sustentabilidade. É importante estar atento às mudanças que os jovens da geração atual estão promovendo, pois eles são os futuros líderes e tomadores de decisão da sociedade. A influência da geração Z já é perceptível e não pode ser ignorada.
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A evolução da geração Z
O avô que a ouve acha que ela se refere a sua geração, mas seu filho, que hoje é pai, pensa o mesmo. Todos se reconhecem porque é natural que os pais tentem dar o melhor para seus filhos.
Ao mesmo tempo, nenhum filho tem aparato cognitivo e emocional suficiente para aquilatar adequadamente esses esforços de seus pais – daí não nos lembrarmos de também termos sido privilegiados por eles. Críticas às novas gerações são cheias de problemas.
Foto: DisobeyArt/Adobe StockPUBLICIDADE É como a tola frase que diz que homens fortes criam tempos fáceis, tempos fáceis criam homens fracos, que criam tempos difíceis, que fazem homens fortes.
A perspectiva dos jovens da geração atual
Trata-se de uma evidente crítica às novas gerações, considerando-as fracas e atribuindo isso a terem sido criadas nos tempos fáceis que seus pais – homens fortes crescidos em tempos difíceis – proporcionaram. Mas, se estendemos o raciocínio um pouquinho, ele desmorona.
Ou, então, a geração anterior teria sido formada por homens fracos, já que deram ensejo aos tempos difíceis fizeram fortes seus descendentes.
A adaptação da geração Z aos tempos difíceis
Quem hoje aponta a fraqueza dos filhos raramente dirá que seus próprios pais tiveram tempos fáceis. Leia também É inevitável nos compararmos a outras pessoas; mas tem jeito certo de fazer isso. Esses são só alguns exemplos de como a crítica geracional é cheia de pontos cegos.
As explicações que começam com ‘esses jovens’ normalmente são embasadas em ideias preconcebidas que parecem fazer sentido, mas que não resistem a uma análise mais profunda. Publicidade Sim, os mais novos apresentam diferenças.
Mas, mais do que uma mudança de geração, essas diferenças apenas antecipam as mudanças dos nossos tempos. Veja a notícia publicada no Estadão de que candidatos a empregos da geração Z (com seus 20 e poucos anos) vêm comparecendo a entrevistas acompanhados por seus pais. Superficialmente, parece um fenômeno que denuncia a imaturidade e insegurança dos jovens.
Mas, preste atenção: os pais aceitam ir junto. E mais: os empregadores embarcam na onda. Um cenário que seria impossível se só uma geração estivesse insegura. É fácil olhar para os filhos e identificar a fragilidade de sua geração.
O papel dos avôs na formação da geração Z
Mais difícil é olhar para o espelho – ou para nossa geração – e entender que fazemos também parte desses novos tempos, gostemos deles ou não. Opinião por Daniel Martins de Barros Professor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Autor do livro ‘Rir é Preciso’ Encontrou algum erro? Entre em contato Compartilhe: Tudo Sobresaúde mental Comentários Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão. Já sou Assinante
Fonte: @ Estadão
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