O Canadá lidera a regulamentação de redes sociais, focando na exposição de conteúdo sexualizado de crianças e notícias nacionais.
O Brasil está acompanhando de perto as regulamentações das plataformas digitais, seguindo os passos de países como o Canadá. Leis estão sendo discutidas para garantir a transparência e responsabilidade das plataformas em relação ao conteúdo veiculado. Uma das propostas em debate é a obrigatoriedade de financiamento da mídia local e nacional por parte das plataformas digitais, visando fortalecer a diversidade de vozes e a qualidade da informação disponível.
Além disso, o Brasil busca formas de incentivar a colaboração entre as redes sociais e a mídia local, visando promover um ambiente mais saudável e confiável para os usuários. A discussão sobre a regulamentação dos serviços on-line tem se intensificado, com o objetivo de garantir a proteção dos dados dos usuários e a promoção da liberdade de expressão. É fundamental encontrar um equilíbrio entre a liberdade de atuação das plataformas e a responsabilidade em relação ao conteúdo disponibilizado on-line.
Plataformas: Regulação e Responsabilidade
Após a implementação da legislação, o debate no Parlamento gira em torno de uma proposta de lei que visa tornar as mídias e plataformas online responsáveis por diminuir a exposição a conteúdos prejudiciais, como bullying, sexualização de crianças, incitação ao extremismo, violência e ódio. A experiência do Canadá foi compartilhada com o público brasileiro por Taylor Owen, professor associado da Escola Max Bell de Políticas Públicas da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, ocupante da Cátedra Beaverbrook em Mídia, Ética e Comunicações, e diretor fundador do Centro para Mídia, Tecnologia e Democracia.
Durante a primeira metade de junho, Owen esteve em Brasília para reuniões na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e para uma conferência na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, abordando as plataformas digitais e a sustentabilidade do jornalismo. Seguem os principais trechos da entrevista concedida por Owen à Agência Brasil após sua palestra na UnB: Agência Brasil: Por que é crucial regular o funcionamento das redes sociais? No Brasil, há vozes que argumentam que a regulamentação viola a liberdade de expressão. Essa iniciativa realmente afeta esse direito? Taylor Owen: A resposta a essa questão depende da abordagem adotada na regulação das plataformas.
As plataformas desempenham um papel fundamental na mediação da democracia em nossa sociedade. Elas determinam quem tem permissão para se expressar, como as mensagens são distribuídas e quem as recebe. Os algoritmos decidem se sua voz é ouvida, quando há reação e de que forma essa reação é disseminada. O nosso diálogo é moldado pela arquitetura dessas plataformas. Acredito que a regulação das plataformas não deve se concentrar exclusivamente nos atos de comunicação, mas sim na estrutura da comunicação, nos mecanismos das plataformas que influenciam a disseminação do conteúdo, a amplificação de determinados conteúdos e os comportamentos incentivados. Esse é o objetivo da regulação canadense.
Ela não dita o que pode ou não ser dito, mas estabelece obrigações para reduzir a exposição a conteúdos nocivos presentes nas plataformas. Agência Brasil: Dentre os problemas identificados nas redes sociais no Brasil, estão o uso não autorizado de dados pessoais, casos de fraudes e golpes amorosos, difamação de figuras públicas, disseminação de desinformação, manifestações de ódio, circulação de conteúdos chocantes, como violência contra minorias, diversos tipos de violência, abuso sexual e até pornografia infantil. Que tipo de regulação poderia lidar com essas questões? Uma regulação seria suficiente? Owen: Penso que algumas dessas questões não devem ser abordadas por meio de regulações. Por exemplo, a desinformação requer discernimento entre o que é verdadeiro e falso, e não acredito que agências governamentais devam ser responsáveis por essa definição.
Para casos de abuso de imagens íntimas, discurso de ódio, incitação à violência, pornografia infantil e outros conteúdos extremos, podemos implementar regulações que exijam que as plataformas lidem com cada um desses problemas e desenvolvam estratégias específicas para mitigá-los.
Fonte: @ Agencia Brasil
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