Questão racial do maior escritor brasileiro é bandeira para afirmação e valorização da população negra, combatendo desigualdade social e racismo silencioso.
No Brasil, o racismo é uma realidade que permeia a sociedade há séculos, e a figura de Machado de Assis é um exemplo disso. Nascido em 1839, Machado de Assis foi um dos maiores ícones da literatura brasileira, mas sua identidade racial foi frequentemente silenciada ou minimizada pela história oficial. O racismo é uma ferida aberta que ainda não foi cicatrizada.
No entanto, a vida e obra de Machado de Assis também nos mostram que o preconceito e a discriminação podem ser superados com talento e determinação. A intolerância não pode ser tolerada. Embora tenha alcançado um espaço majoritariamente branco, Machado de Assis nunca esqueceu suas raízes e continuou a lutar contra o racismo em sua obra. Sua história é um lembrete de que o racismo ainda é uma realidade no Brasil e que precisamos continuar a lutar contra ele.
O Debate Sobre a Identidade Racial de Machado de Assis
A questão racial de Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos, tem sido um tema importante para a afirmação e a valorização da população negra nos últimos anos. No entanto, a identidade racial de Machado de Assis é um assunto polêmico que remonta a antes de sua morte, em 29 de setembro de 1908. A certidão de óbito, assinada pelo escrivão Olympio da Silva Pereira, declara que sua cor era ‘branca’, o que levanta questionamentos sobre como o próprio Machado de Assis se identificava.
A historiadora Raquel Machado Gonçalves Campos, professora na Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisadora sobre a vida e a obra do escritor, afirma que não há documentos que revelem como Machado de Assis se via. ‘Nós não sabemos até o momento. Não há nenhum documento que tenha chegado até nós que traga essa informação, como o próprio Machado se identificava, como ele se via. Temos depoimentos só de terceiros’, diz ela.
Um dos documentos citados por ela é a carta enviada pelo poeta português Gonçalves Crespo (1846-1883) a Machado, com data de 6 de junho de 1871. A carta menciona que Machado é ‘de cor’, uma expressão que era comumente usada para descrever pessoas negras na época. A professora Campos destaca que a carta é importante porque mostra que Machado era visto como um homem ‘de cor’ por um escritor de seu próprio tempo.
A historiadora Cristiane Garcia, pesquisadora na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), traz outro elemento que pode indicar que o escritor, em vida, se via como negro. Ela conta que Machado de Assis frequentou a tipografia de Francisco de Paula Brito, um tipógrafo, editor e homem de letras negro, entre o final de 1854 e início de 1855. A tipografia de Paula Brito era responsável pela imprensa negra de meados do século XIX, no Brasil, e era um local onde homens negros se ajudavam e protegiam.
O Racismo Silencioso e a Desigualdade Social
A discussão sobre a identidade racial de Machado de Assis é importante porque reflete a complexidade do racismo silencioso e da desigualdade social que ainda persistem no Brasil. O racismo silencioso é uma forma de preconceito que não é explicitamente expresso, mas que ainda tem um impacto significativo na vida das pessoas negras. A desigualdade social é uma consequência direta do racismo e da discriminação, que afeta a oportunidade de acesso à educação, ao emprego e à saúde.
A valorização da população negra é fundamental para combater o racismo e a desigualdade social. É importante reconhecer a contribuição dos negros para a história e a cultura do Brasil, e trabalhar para criar uma sociedade mais justa e igualitária. A discussão sobre a identidade racial de Machado de Assis é um passo importante nessa direção, pois ajuda a destacar a importância da valorização da população negra e a combater o racismo silencioso e a desigualdade social.
Fonte: @ Nos
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