Júnior Moraes desabafa sobre conflito Rússia-Ucrânia, destaque no Dínamo Kiev, centroavante teve que deixar seleção país anfitrião.
Em fase final de preparação para a Copa América, o Brasil enfrentará a Argentina nesta terça-feira (4), às 19h30 (de Brasília), com final preparação. Ao longo de sua história, a seleção do país contou com argentinos.
Além disso, a rivalidade entre as duas equipes sempre gerou muita guerra no campo, resultando em momentos intensos de conflito e competição. A expectativa para o jogo é alta, com os torcedores ansiosos pelo desfecho dessa batalha esportiva.
Reflexões sobre a Guerra na Ucrânia
Um dos mais recentes, inclusive, viveu um drama. Com passagens de destaque por Dínamo de Kiev e Shakhtar Donetsk, Júnior Moraes se naturalizou ucraniano em 2019. No início de 2022, porém, o centroavante teve que deixar o país por conta do conflito com a Rússia.
A Ucrânia é um marco muito forte na minha vida. Passei dez anos da minha vida lá, sou naturalizado. Foi o lugar onde aprendi muito sobre a vida. Uma cultura totalmente diferente da do brasileiro. E essa mistura me ajudou a desenvolver muita coisa’, disse ao ESPN.com.br.
É loucura falar disso, mas são mais de dois anos de guerra. E às vezes a gente não tem noção como seria acordar durante dois anos vivendo uma guerra com nossos pais, nossos filhos, com nossos amigos, com pessoas próximas. Acho que é uma coisa inadmissível. Eu dormi em paz e acordei dentro de uma guerra’, completou.
Desde então, Júnior nunca mais conseguiu retornar para o país que lhe ‘adotou’. Agora, o centroavante relembra histórias de amigos que seguem sofrendo por conta do conflito entre os dois países e reflete a dificuldade que é morar em condições assim.
Eu tenho um amigo que pegou todas as economias dele para comprar um apartamento em Donetsk em 2013. Em 2014, a Rússia invadiu a região de Donetsk, e ele perdeu tudo o que tinha, saiu com a roupa do corpo e teve que se mudar para Kiev. E ele foi acolhido, aos poucos voltou a trabalhar. Depois de alguns anos, conseguiu comprar um apartamento em Kiev para morar com a família. E, depois de alguns anos, perdeu tudo de novo e teve que se esconder em outro lugar’, relatou.
Em um espaço de dez anos, você construir, perder, construir, perder (uma vida). As criancinhas dele, em 2014, tinham quatro, cinco anos e hoje já estão aí na adolescência. Imagina o que se passa dentro da cabeça de uma criança dessa? Quais são os efeitos de uma guerra para uma família dessa?’, acrescentou.
Vamos falar dos jogadores, que estão indo para os jogos de ônibus, enquanto as famílias que estão em Kiev ficam lá. E como é que é o dia a dia de levar uma criança para a escola? Como você levaria seu filho para a escola e deixaria ele lá? Sabendo que pode entrar um míssil dentro da escola. Você teria algum minuto de paz sabendo que seu filho está na escola, mas que pode cair um míssil a qualquer momento na escola? Como você consegue viver em paz em uma situação dessas?’, seguiu.
Atacante torce pelo sucesso de Conferência da Paz
Nos dias 15 e 16 de junho, a Suíça receberá uma conferência cujo objetivo é alcançar o fim dos conflitos na Ucrânia. Apesar de não contar com a presença da Rússia, há a torcida para que o encontro seja um primeiro passo para o fim da guerra.
O mundo precisa de paz. Com tantas coisas acontecendo no mundo, eu acho que nós não podemos admitir que pessoas inocentes estão morrendo, são crianças, são famílias, são pessoas que têm sonhos de viver uma vida comum’, afirmou Júnior.
Eu acho que a gente precisa bater nisso hoje de uma forma mais dura, mais séria. Porque a gente dorme tranquilo até…
Fonte: @ ESPN
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