Companhia sem reserva de lucros realiza empréstimos com bancos para financiar recompra de papéis em operação com derivativos, considerando-se subvalorizada apesar dos desafios macroeconômicos, com taxa de spread do financiamento.
No mercado financeiro brasileiro, as ações têm sido objeto de grande interesse por parte das empresas que buscam maximizar seus valores. Programas de recompra de ações são uma estratégia comum adotada por companhias que acreditam que seus papéis estão subavaliados pelo mercado. Essa é uma forma de demonstrar confiança no próprio desempenho.
De acordo com um levantamento do NeoFeed, existem mais de 100 programas de recompra de ações em aberto atualmente. No entanto, a Tenda se destaca por sua abordagem inovadora: diretores da empresa têm recorrido a empréstimos para financiar a aquisição de ações, um movimento raro no mercado brasileiro. Essa estratégia pode ser vista como um voto de confiança nos próprios títulos. Além disso, a compra de ações pode ser uma forma de aumentar o valor dos mobiliários da empresa e, consequentemente, o valor dos investimentos dos acionistas.
Operações de Derivativos: Uma Estratégia de Ações
A Tenda, uma empresa que opera no mercado financeiro, tem adotado uma estratégia inovadora para gerenciar suas ações. Por meio de derivativos, a empresa busca maximizar seus lucros e minimizar suas perdas. Luiz Mauricio Garcia, CFO da Tenda, explicou que os bancos compram as ações da empresa na bolsa e as carregam até uma data específica, a um custo: o preço do empréstimo. O saldo final é a diferença entre o preço de compra e o de venda, subtraída a taxa do empréstimo.
Se as ações subirem, mas o ganho for menor que a taxa, ou se caírem, a empresa registra prejuízo. No entanto, a direção da empresa avalia as ações como extremamente desvalorizadas, apesar do contexto macroeconômico desafiador. Essa é a base para a estratégia de operações de derivativos.
Objetivo de Longo Prazo: Trazer Ações de Volta à Companhia
O objetivo da Tenda é trazer essas ações de volta para a companhia, conforme tenham lucro e uma reserva de capital robusta. Para isso, a empresa utiliza um empréstimo do banco para comprar as ações, em vez de utilizar o caixa próprio. Essa estratégia permite que a empresa maximize seus lucros e minimize suas perdas.
A Tenda não é a primeira vez que adota essa prática. Em abril do ano passado, a companhia autorizou uma operação semelhante, referenciada em até 4,5 milhões de ações, com prazo máximo de liquidação para outubro deste ano. Pouco depois, no mesmo mês, realizou outra operação com derivativos referenciados em até 3,05 milhões de ações, com liquidação até novembro de 2024.
Resultados e Projeções
Desde então, as ações da Tenda mais que dobraram de preço, acumulando alta de 160% próximo aos prazos máximos de liquidação. Ainda assim, a companhia optou pela rolagem dos contratos de derivativos, feitos com XP e Santander, estendendo os prazos de liquidação para abril de 2026.
Com as três operações de derivativos em aberto, o volume pode chegar a 10,75 milhões de ações, cotadas hoje a R$ 13,61. Além disso, a Tenda tem um programa tradicional de recompra em aberto, que pode alcançar até 4,5 milhões de ações. No total, essas operações representam cerca de 12,4% de todo o volume de ações emitido pela companhia.
A expectativa da diretoria é que as ações em posse dos bancos comecem a ser internalizadas a partir do próximo ano, quando a Tenda projeta um lucro líquido entre R$ 360 milhões e R$ 380 milhões — bem acima do esperado para 2023. De acordo com projeções do Santander, a companhia deve encerrar o ano com um lucro líquido de R$ 118 milhões, após acumular um resultado positivo de R$ 85,1 milhões nos três primeiros trimestres.
Fonte: @ NEO FEED
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