Desafios na assistência a pacientes infantojuvenis de 15 a 29 anos com câncer. Abordagens terapêuticas e tratamento de alta complexidade enfrentam lacunas críticas em protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas.
O câncer é uma das principais causas de morte precoce no mundo, e sua complexidade exige uma abordagem multidisciplinar para o desenvolvimento de novas terapias que possam aumentar as chances de cura. A comunidade médico-científica trabalha incansavelmente para entender melhor essa doença e encontrar soluções eficazes.
A oncologia pediátrica, em particular, tem apresentado avanços significativos no tratamento de tumores e outras patologias relacionadas ao câncer. Esses avanços são resultado de uma combinação de pesquisas inovadoras e da colaboração entre especialistas de diferentes áreas da medicina. A esperança é que esses progressos possam ser traduzidos em melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, a compreensão mais profunda das doenças relacionadas ao câncer pode levar a novas estratégias de prevenção e tratamento.
O Desafio do Câncer Infantojuvenil no Brasil
O Hospital do GRAACC, com mais de 30 anos de experiência, tem sido um modelo de excelência no tratamento de alta complexidade do câncer infantojuvenil, alcançando uma taxa média de cura de 72%. No entanto, é fundamental abordar as lacunas críticas existentes no tratamento do câncer em jovens adultos, entre 15 e 29 anos, conhecidos como AYA (adolescentes e jovens adultos). Essa faixa etária apresenta uma complexidade única, pois se encontra na interseção entre tipos de câncer com tratamentos distintos, o que dificulta um atendimento direcionado e eficaz.
A ausência de protocolos específicos para o tratamento do câncer nessa população é um dos principais motivos para as maiores taxas de mortalidade em comparação com pacientes mais jovens e mais velhos. Além disso, as patologias e doenças que afetam essa faixa etária são mais bem combatidas com protocolos pediátricos, que incluem tratamento quimioterápico mais agressivo, ainda não adotados amplamente nos hospitais para adultos.
A Necessidade de Abordagens Terapêuticas Específicas
A Política Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica garante o atendimento integral, em centros oncológicos infantojuvenis, de pacientes entre 0 e 19 anos. No entanto, após essa idade, pessoas em tratamento ou que são diagnosticadas com cânceres habitualmente infantis são direcionadas a centros oncológicos para adultos, onde os protocolos de tratamento podem não ser adequados para suas necessidades específicas.
A criação de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para jovens adultos no Brasil é fundamental para a qualificação do cuidado desses pacientes, que abrange questões muito além da medicação, como aspectos relacionados à continuidade dos estudos e empregabilidade, relacionamentos afetivos, autoestima, sexualidade, fertilidade, convivência entre pares e privacidade, entre outros.
Um Chamado à Ação
O Hospital do GRAACC está pronto para liderar essa mudança e colaborar com outras instituições para transformar o panorama do tratamento oncológico para jovens adultos no Brasil. Como centro de tratamento e pesquisa que é referência para todo o país, temos a responsabilidade de fomentar essa discussão em toda a sociedade e, especialmente, entre nossos pares. É hora de unir forças para combater o câncer infantojuvenil e garantir que todos os pacientes, independentemente da idade, tenham acesso a tratamentos eficazes e personalizados.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo