Bazuca inoperante sem fiscalização, torna-se um estalinho de festa. Radicalização e guerra civil verbal nas redes sociais, aumentam a carga tributária no Arcabouço Fiscal.
No final de 2024, é hora de refletir sobre a importância do todo e da parte em nosso país. É com essa ideia que gostaria de começar, lembrando-me de uma poesia que meu professor de gramática e língua portuguesa, Valter Estelita, nos apresentou no ensino médio. A poesia, escrita pelo brilhante Gregório de Matos, um dos maiores poetas da língua portuguesa, nos faz questionar sobre a relação entre o todo e a parte.
Essa reflexão é especialmente relevante quando pensamos em nossa nação e sociedade. No Brasil, por exemplo, é comum ouvir que o país é uma soma de suas partes, mas será que isso é verdade? A poesia de Gregório de Matos nos leva a questionar se a parte pode ser considerada como um todo em si mesma. A verdade é que o todo é mais do que a soma de suas partes. É essa interconexão que faz com que nosso país seja o que é hoje. E é essa interconexão que devemos preservar e fortalecer.
Um País Dividido
Através da poesia, descobri a importância de refletir sobre a sociedade brasileira. O poeta Matos, conhecido por seu estilo debochado e crítico, nos leva a pensar sobre a radicalização extrema que vivemos hoje em dia. A nação está fragmentada, e as pessoas estão cada vez mais divididas. Nas minhas entrevistas recentes, tenho sido questionado sobre o momento atual, e é como se estivesse em um campo de batalha, com uns endossando minhas análises e outros criticando ferozmente.
Vivemos uma guerra civil verbal, onde cada um de nós carrega um pouco do poeta barroco dentro de si. As redes sociais se tornaram trincheiras, onde as pessoas usam obuses sarcásticos e mísseis carregados por narrativas inverossímeis e agressões de toda ordem. Em 2024, não vimos nenhum esforço para reunir as partes rachadas e superar as dificuldades que se apresentam desde as manifestações dos R$ 0,20, em 2013. Pelo contrário, as partes parecem ter investido em cavar ainda mais o fosso que as separa, e isso é nocivo para o país.
Um País com Dificuldades Econômicas
Sinceramente, não consigo compreender a falta de esforço para a pacificação do país. Parece-me óbvio que com essa divisão, tudo torna-se mais difícil, especialmente os desafios econômicos. O país tem um agudo quadro fiscal, e trocamos o Teto dos Gastos pelo Arcabouço Fiscal, que nos colocou em uma situação difícil. Para piorar, a carga tributária não é mais exagerada, e parte do ajuste ocorreu via impostos. Nesse momento, contudo, não há como apelar para aumento de tributos.
A reforma tributária referente ao consumo foi aprovada, mas não foi das melhores, pois a ideia era simplificar e tivemos várias exceções aprovadas. Além disso, veio anexo ao pacote uma proposta de isenção de IR para salários de até R$ 5 mil, que será compensada via taxação dos muito ricos, com alíquota de até 10%. Isso é um debate sem consenso, e o próprio Brasil vem sugerindo cobrança sobre grandes fortunas globais, mas não encontra entusiasmo nos países do G20.
Um País que Precisa de Mudanças
Voltando ao fiscal, estimo que o país necessite de 1,5% a 2% do PIB por ano de superávit primário para interromper o quadro de endividamento crescente. Isso é um desafio grande, mas é necessário para o futuro do país. A sociedade brasileira precisa se unir e trabalhar juntos para superar as dificuldades que enfrentamos. A nação precisa de mudanças, e é hora de começar a trabalhar para um futuro melhor. O país precisa de uma solução para o seu quadro fiscal, e é hora de começar a discutir e encontrar uma solução que seja boa para todos.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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